A projeção de economistas de instituições financeiras para a inflação neste ano disparou para praticamente a 7% após o anúncio de aumentos de impostos ao mesmo tempo em que a estimativa de crescimento da economia despencou, mas a projeção para a Selic ao final de 2015 permaneceu inalterada.
De acordo com a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, a projeção para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015 foi elevada pela quarta semana seguida, a 6,99%, contra 6,67% anteriormente.
A última vez que a inflação oficial brasileira ficou acima de 7% foi em 2004, quando o IPCA subiu a 7,60%. A meta oficial é de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais.
A forte revisão da projeção no Focus aconteceu depois que o governo anunciou pacote de aumento de impostos, com destaque para tributos sobre combustíveis, como parte da investida do governo para colocar as contas públicas em ordem.
A alta dos preços administrados é uma das maiores fontes de pressão neste ano, e a estimativa subiu para 8,70%, alta de 0,5 ponto percentual sobre a semana anterior.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, acelerou a alta a 0,89% em janeiro, maior nível em quase quatro anos, como resultado dos preços de alimentos e tarifas públicas, acumulando alta de 6,69% em 12 meses.
Para o final 2016, entretanto, a perspectiva para o IPCA no Focus foi reduzida em 0,1 ponto percentual, a 5,6%.
PIB
Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto, para 2015 a estimativa despencou a 0,13%, contra 0,38% no levantamento anterior, quarta semana seguida de redução. A economia deve melhorar em 2016 na visão dos especialistas consultados, mas a projeção foi reduzida em 0,26 ponto percentual, a 1,54%.
Sobre 2014, os economistas consultados ajustaram a perspectiva e projetam agora expansão de 0,10%, contra 0,12% anteriormente.
Com a perspectiva de inflação mais pressionada mas diante da fraqueza da economia, os agentes consultados não mudaram a projeção para a Selic ao final deste ano, e continuam vendo nova elevação de 0,25 ponto percentual em março, com a taxa básica de juros encerrando 2015 a 12,50%.
O BC elevou a Selic pela terceira vez seguida na semana passada, a 12,25% ao ano, e sinalizou nova alta no curto prazo, mas deixou em aberto o ritmo que poderá imprimir. Os agentes econômicos aguardam agora a divulgação da ata da reunião na quinta-feira em busca de mais pistas sobre os próximos passos.
Para o final de 2016, a perspectiva da Selic também não mudou, ficando em 11,50%.