O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, deve encerrar nesta quarta-feira seu programa de compra de títulos para estimular a economia, fechando um capítulo controverso de sua resposta à crise mesmo que ainda lute para levar a cabo a normalização completa da política monetária.
O Fed deve anunciar ao final de dois dias de reunião que não irá mais expandir seu portfólio de títulos do Tesouro norte-americano e de ativos lastreados em hipotecas, finalizando seu programa de compra mensais, hoje em US$ 15 bilhões. No auge, o programa injetou US$ 85 bilhões por mês no sistema financeiro.
Embora seja um importante passo simbólico, o fim das compras ainda deixa o Fed longe de uma postura normal. Seu balanço patrimonial inflou para mais de US$ 4 trilhões, a taxa de juros permanece em zero e eventos recentes aumentaram o risco de que o banco central dos EUA pode precisar ainda sustentar a economia por mais tempo do que esperava há apenas algumas semanas.
O comunicado que o Fed divulgará às 16h (horário de Brasília) será lido cuidadosamente em busca de pistas sobre como a inflação fraca, o crescimento global fraco e a volatilidade recente nos mercados financeiros influenciaram autoridades norte-americanas. Não há uma coletiva de imprensa programada para depois da reunião, nem novas projeções econômicas de autoridades do Fed.
"Eles estão preocupados sobre a economia, a global", e provavelmente vão deixar muito da linguagem intacta em vez de sinalizar progresso na direção de uma elevação dos juros, escreveu o analista do Morgan Stanley Vincent Reinhart em uma prévia da reunião.
A atenção ficará concentrada em se o comunicado do Fed continuará a fazer referência a uma "significativa" capacidade ociosa no mercado de trabalho dos EUA, e se irá continuar com linguagem indicando que os juros permanecerão baixos por um "tempo considerável", como a maioria dos economistas espera.
Os membros do Fed têm mantido as perspectivas de que a economia dos EUA irá crescer cerca de 3% neste ano, com a inflação gradualmente avançando de volta a sua meta de 2%.
Entretanto, crescimento global mais lento do que o esperado e a queda dos preços do petróleo colocaram esse cenário para a inflação em dúvida.
Investidores recentemente empurraram suas expectativas para uma alta inicial dos juros para o final do próximo ano como resultado, embora vários membros do Fed tenham recentemente dito que acham que o banco central ainda esteja a caminho de elevar os custos de empréstimos em meados de 2015.