Metade das famílias paulistanas (51,6%) terminou o mês de março endividada, segundo a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Essa proporção era de 51,1% em fevereiro e de 42,3% em março do ano passado.
Em números absolutos, o total de endividados atingiu 1,979 milhão no mês passado e, se o comprometimento da renda continuar crescendo, haverá maior inadimplência nos próximos meses.
“O efeito da inflação, principalmente nos bens não duráveis, como alimentos, diminui a renda do consumidor, que se endivida mais a cada dia para tentar manter seu padrão de vida”, afirma a FecomercioSP.
Deve mais quem ganha menos
O número de endividados é maior entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, com 54,2%, e cai para 44,2% entre as famílias que recebem mais de dez salários
A renda está comprometida por mais de um ano para 35,2% das famílias pesquisadas, 24,1% possuem débitos com prazos de até três meses e 19,2% entre seis meses e um ano. Dívidas em prazo de três a seis meses foram citadas por 18,7% dos endividados.
Inadimplência
A inadimplência das famílias paulistanas atingiu o maior patamar desde outubro de 2013, com 18,4%. Em números absolutos, o total de famílias com contas atrasadas chegou a 705 mil em março.
Entre as famílias com contas em atraso, 49,8% delas afirmaram ter débitos vencidos a mais de 90 dias, 24% têm contas atrasadas entre 30 e 90 dias e 25,2% do total de famílias estavam com dívidas atrasadas por até 30 dias.
A inadimplência é maior nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 22,7% estão com contas atrasadas. No ano passado, essa parcela era de 12,8%.
Segundo a FecomercioSP, as famílias com menor renda sentem mais os efeitos da inflação e da alta de juros. Para essa faixa da população no qual qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças, o crédito representa um importante meio de inclusão aos padrões de consumo e é a única forma de acessá-los.
Nas famílias que recebem mais de dez salários, apenas 7,8% delas têm dívidas atrasadas.
Em março, 6,7% das famílias acreditavam que não teriam condições de pagar total ou parcialmente suas contas no mês seguinte. Esse percentual era de 3,7% no mesmo período de 2015. Em números absolutos, há 255 mil famílias que estão nessa situação.
Cartão de crédito
O cartão de crédito ainda é o principal meio de endividamento das famílias e foi citado por 70,9% dos endividados em março. Na sequência estão financiamento de carro (15,9%), carnês (15,7%), crédito pessoal (12,3%), financiamento de casa (11,9%) e cheque especial (10,1%).
Segundo FecomercioSP, diante de preços mais altos e queda da renda, muitas famílias estão recorrendo ao parcelamento da fatura ou ao rotativo do cartão de crédito na tentativa de ganhar um fôlego no orçamento.