Leve, resistente, bonito e barato. Essas características fazem com que, há séculos, o bambu seja muito utilizado por chineses e japoneses para produzir os mais variados artigos de uso cotidiano. Apesar de tantas qualidades, o material ainda é pouco conhecido e empregado no Brasil. Decidido a dar sua contribuição para reverter esse quadro, em 2005 o advogado cearense Frederico Carminha começou a produzir móveis e outras peças em bambu aos finais de semana no município de Guaramiranga (CE). O hobby deu origem à Companhia do Bambu, empresa que hoje fatura uma média de R$ 120 mil por ano.
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O interesse de Frederico pelo material surgiu em 1988, quando ele trabalhava no departamento jurídico da Ypióca e viu um texto sobre os diferentes usos do bambu em uma revista especializada no mercado rural. A reportagem chamou tanto sua atenção que ele acabou entrando em contato com um professor da Unicamp citado pela publicação.
“O professor ficou surpreso com o fato de um advogado ter se interessado pelo tema. E mais surpreso ainda quando fui visitá-lo em Campinas (SP). Desde então, passei a pesquisar bastante sobre o tema, inicialmente em livros, e depois pela internet”, lembra Frederico, que hoje cultiva bambu em sua fazenda em Guaramiranga e continua trabalhando como advogado durante a semana.
As duas características que mais chamaram a atenção de Frederico foram a versatilidade e as vantagens que o bambu apresenta em relação a outros materiais. Enquanto o eucalipto leva 15 anos para crescer, o bambu leva apenas três. Além disso, um novo bambu nasce a partir do que foi cortado, sem a necessidade de um novo plantio.
“O bambu é um material leve e tem uma resistência fora do comum. Em testes de compressão, ele se mostra tão forte quanto o ferro. Além disso, ele tem muita beleza e é barato. Os móveis feitos a partir dele têm a metade do custo de produção de um fabricado com outras madeiras”, argumenta o advogado empresário.
De hobby a negócio
O que era apenas curiosidade aos poucos foi de transformando em negócio quando Frederico resolveu se aventurar a produzir algumas peças de bambu de maneira artesanal. “Comecei em 2005 com luminárias. Aos poucos fui vendo que levava jeito e passei a desenvolver móveis também. Mais do que ter uma fonte de renda, minha intenção era divulgar as inúmeras possibilidade deste material”, diz.
Hoje, Frederico planta seis espécies de bambu em sua fazenda, incluído o tipo gigante, que chega a 30 centímetros de diâmetro e 40 metros de altura. A partir deste material, saem os mais diversos produtos, desde instrumentos musicais até bicicletas feitas 70% de bambu. “Acredito que o bambu seja o material do futuro, pela sua qualidade e capacidade de renovação. O problema é que faltam pesquisas na área, e poucos conhecem os benefícios desta matéria-prima”, argumenta.
Desde quando criou a empresa, ele vem conciliando a profissão de advogado com a produção em bambus, que é feita nos finais de semana. A maior parte dos produtos é criada a partir de encomendas, e ele chega a criar 40 peças por mês, todas de maneira artesanal. “Vou fazer 65 anos e estou um pouco cansado da vida jurídica. Meu plano é, dentro de dois anos, me mudar para a fazenda e me dedicar somente à Companhia do Bambu, pois é algo de que eu gosto e não quero ficar sem uma ocupação”, revela Frederico.