Uma iniciativa do Sebrae ajudou os artesãos brasileiros a faturar com a Copa do Mundo. Criado em 2012, o projeto Brasil Original montou showrooms em dez das 12 cidades-sede do mundial para expor produtos de associações, cooperativas e artesãos individuais de todo o país. Graças à exposição das mercadorias em pontos chave durante o torneio, os produtores que participaram do projeto faturaram R$ 1,7 milhão até o dia 30 de junho, cifra que superou as expectativas do próprio Sebrae.
Os showrooms foram montados em áreas de grande movimento, como shopping centers, em Manaus, Natal, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Esses espaços atraíram mais de 600 mil visitantes e comercializaram produtos de mais de 500 artesãos de 21 estados brasileiros: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.
“Graças à participação de vários estados, foi possível montar um mix de produtos bem interessante, com artigos feitos de madeira, fibras naturais, cerâmica, rendas, bordados, lã, vidro e até sementes, caso das biojoias. Cada região trouxe a matéria prima característica”, afirma Denise Prevellin, coordenadora Nacional de Projetos de Artesanato do Sebrae.
Como o Sebrae não pode comercializar produtos, foram contratadas dez empresas por licitação para fazer a gestão dos showrooms, que funcionaram como lojas, e toda a arrecadação foi revertida para os artesãos que produziram as peças vendidas. Entre elas estavam diversos tipos de artesanato, como tapeçarias, rendas, cestarias, cerâmica, marchetaria e fibras naturais, a preços que iam de R$ 10 a R$ 1.000,00. Os produtos mais procurados foram objetos de decoração, utensílios domésticos e adornos pessoais.
Apoio ao produtor regional
O artesão que quisesse participar do projeto Brasil Original deveria enviar uma amostra de seu trabalho para as comissões julgadoras dos Sebraes estaduais, responsáveis por escolher as peças que seriam expostas. O produtor tinha que ser uma empresa formalizada, com CNPJ e nota fiscal próprios. Os produtos eram cedidos aos showrooms em consignação e os artesãos recebiam o valor total estipulado por produto vendido. As mercadorias não vendidas eram devolvidas aos fabricantes.
Além disso, as unidades do Sebrae em cada estado traçaram estratégias de distribuição para a produção local. “Fizemos um levantamento com os Sebraes estaduais participantes para ver para onde eles gostariam de mandar seus produtos. Os locais mais procurados foram São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília, acredito que por conta do maior fluxo de turistas nessas regiões e também pelo maior poder aquisitivo das capitais”, conta Denise. Os pontos mais concorridos contaram com produtos de até dez estados. Mesmo assim, os pontos menos procurados concentraram, no mínimo, produtos artesanais de três estados.
Tudo isso abriu novos mercados e oportunidades para os artesãos. “O artesão é um pouco de tudo, ele tem que produzir, vender e fazer a gestão do negócio. O Brasil Original possibilita que ele esteja em vários lugares ao mesmo tempo”, afirma Denise. Além do lucro, o artesão fica conhecido pelo seu trabalho. Foi feito um controle do que estava à venda em cada showroom e cada estado fez a divulgação de um jeito. “Em Porto Alegre eles fizeram um flyer com todos os contatos disponíveis dos artesãos, fosse telefone, endereço, site, blog ou até Facebook”, conta Denise.
A maioria dos showrooms foi fechada após a Copa, nos dias 13, 14 ou 15 de julho. A loja de Natal, no entanto, ficará aberta até o fim do mês de julho. Para o futuro, o plano é fazer uma nova ação durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Antes disso, ao longo de 2015 o Sebrae pretende divulgar, em todos os estados onde atua, a marca do projeto Brasil Original em shoppings de cidades médias e grandes.