O artista sergipano Breno Loeser viu suas vendas aumentarem 50 vezes ao decidir anunciar suas obras em uma loja virtual. Breno, de 30 anos, começou a pintar representações de orixás e guias de candomblé e umbanda em 2019, durante um desafio de ilustrações.
Foi durante esse desafio que ele percebeu que existia uma demanda por consumo desse tipo de arte, e por ter trajetória espiritual voltada a essas religiões, escolheu seguir este rumo.
Anunciando suas obras em redes sociais, ele entendeu, em 2020, que precisaria expandir o negócio. A irmã se tornou sua sócia e, juntos, decidiram investir na marca. Criaram a loja virtual, investiram em anúncios e estruturaram melhor a operação.
“Minha arte reflete minha trajetória espiritual, que percorre o candomblé, a umbanda e, mais recentemente, passou também a se conectar com a Jurema”, diz Breno em entrevista ao Terra.
Desde que criou a loja on-line, o artista passou a ver suas obras alcançando pessoas não só de todo o Brasil, mas de diversos países do mundo.
“Hoje, envio para brasileiros que moram no exterior e também para pessoas de outras nacionalidades. O digital consegue reduzir os muros e nos aproximar de públicos distantes que de alguma forma se concertam com essa espiritualidade”, afirma.
Paixão por arte veio da mãe
Breno diz não se lembrar do momento exato em que teve contato com a arte pela primeira vez, já que a mãe é artesã e estimulou desde cedo que o filho experimentasse suas ferramentas. “Sempre tivemos em casa uma gama de ferramentas, tintas e pincéis”, relembra.
A vontade de representar orixás, entretanto, partiu de uma curiosidade. “Sempre me perguntei por que havia tão poucas representações negras dos orixás, e isso se tornou minha principal motivação”, diz.
Com a popularidade da arte de Breno, ele começou a desenhar também para a marca Farm.
“Eu pensava: ‘E se essas entidades fossem retratadas com penteados afro, como os que vemos nas ruas? E se usassem roupas inspiradas nas indumentárias tradicionais da Nigéria?’. Essas perguntas abriram novos caminhos para minha percepção, me ajudando a entender que esse trabalho vai além da estética: é um resgate de autoestima e uma forma poderosa de pedagogia ancestral.” - Breno Loeser, artista.