O empreendedorismo não é mais dominado por homens. O grupo das mulheres que já iniciaram um negócio ou que vão iniciar nos próximos dois anos aumentou. Nessas estatísticas de empreendedorismo feminino, estão a educadora financeira Aline Soaper, a especialista em auriculoterapia Lirane Suliano e a mentora de palestrantes Tathiane Deândhela.
A história de Aline
“Eu fui criada no Complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Meu primeiro negócio começou lá dentro do meu quarto, com uma pequena fábrica de carimbos. Com 18 anos de idade comprei meu primeiro carro usado, sem precisar fazer um financiamento. De lá pra cá, já empreendi em várias áreas, até chegar nas finanças”, lembra Aline Soaper. “Quando eu entrei não era tão simples. Ainda era muito difícil encontrar mulheres de sucesso nessa área. Mesmo com a melhora, ainda existe um preconceito em achar que mulheres não entendem do setor como os homens. Hoje, há muitas de nós nessa área e mostrando tanta capacidade quanto os homens.”
O fato é que mulheres deveriam ser tratadas de maneira justa na hora de empreender, isso por que segundo dados de uma pesquisa, de 2020, da Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), em parceria com o Sebrae, o Brasil possui um total de aproximadamente 52 milhões de empreendedores, sendo que 30 milhões são mulheres.
A história de Tathiane
Muitas mulheres já iniciaram um negócio próprio mais de uma vez. Essa situação é o caso da especialista em produtividade e alta performance, e hoje mentora de palestrantes, Tathiane Deândhela. Ao longo de sua trajetória a goiana já empreendeu em vários seguimentos: no ensino médio e parte da sua faculdade, ia de porta em porta vender bijuterias, semijoias, roupas, chocolates artesanais, e até mesmo colchões para conseguir uma renda extra para sua família.
Largou o empreendedorismo por um tempo, quando depois de muito trabalho na área de vendas de uma faculdade chegou a gerente de vendas nacional. No entanto, depois de decepções no trabalho formal, decidiu empreender novamente.
“Eu não esperava, principalmente depois de todo o meu desempenho com a empresa, ter que sair. Naquele momento eu entendi que precisava ser dona do meu próprio negócio. Eu investi todo o dinheiro que tinha conquistado na carreira corporativa para dar início a um instituto com foco em palestras e treinamentos in company sobre produtividade e alta performance”, relembra Deândhela. “O primeiro ano foi péssimo e desgastante. Em paralelo, eu tinha sociedade em uma clínica de estética, que faliu. Tive prejuízo durante todos os meses, porque eu não calculei bem alguns gastos. Foquei em metas erradas. Minha conta bancária estava zerada e ainda tive que vender meu carro e o da minha mãe para pagar dívidas, além de fazer um empréstimo de R$ 100 mil para complementar os furos. Depois daquilo, eu dei um basta. Comecei do zero novamente. Aprendi tudo que tinha sobre marketing digital, e daí pra frente o negócio começou a dar certo.”
A história de Lirane
Os tipos de negócios iniciados por empreendedores variam de acordo com o país. Mas a maior proporção dos negócios é de venda de produtos em lugares físicos, seguido por produtos de venda online. É o caso da especialista em auriculoterapia, Lirane Suliano que em 2018, investiu na mudança das aulas presenciais para aulas on-line de auriculoterapia, e viu o faturamento do seu negócio aumentar. Em 2020, em plena pandemia, e em 2021, a venda dos cursos online de auriculoterapia também aumentou, segundo Lirane.
“Quando iniciei na auriculoterapia o objetivo era oferecer um tratamento que pudesse ajudar efetivamente os meus pacientes com dores agudas e crônicas. Mas com o tempo e ao desenvolver os cursos online, eu percebi que a técnica também se mostrou como uma carreira promissora e rentável para os meus alunos, que são 93% formados por mulheres”, diz ela. “Muitas delas são da área da saúde, como enfermeiras e fisioterapeutas, que buscam ajudar seus pacientes e também ter uma melhor remuneração, ou mesmo uma mudança de carreira – com abertura do seu próprio negócio, e que ao mesmo tempo oferecesse horários mais flexíveis, possibilitando fugir das jornadas exaustivas e ter mais tempo com a família. Muitos alunos perceberam que poderiam cuidar de pessoas, ter uma nova profissão e gerar renda com isso.”
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