Sabe aquele bolo simples e delicioso, que você não encontrava nem na padaria nem nas confeitarias, mas apenas no forno de uma mãe ou de uma avó? Pois eles, pouco a pouco, estão ganhando as ruas das cidades por meio de lojas especializadas, e se transformando em um negócio altamente lucrativo e de forte concorrência.
“O bolo caseiro é algo cultuado em todas as partes do Brasil, mas hoje as pessoas não têm mais tempo para preparar em sua casa. É aí que nós entramos”, explica Rafael Ramos, um dos quatro sócios da Casa de Bolos.
O empreendimento foi um dos pioneiros no mercado de bolos caseiros, e surgiu no início de 2010 em Ribeirão Preto com um investimento de R$ 100 mil. O sucesso foi imediato, e em pouco tempo migrou para o modelo de franquias. Hoje, conta com 109 lojas ativas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Maranhão.
Veja 10 setores com franquias que custam até R$ 15 mil
Mercado brasileiro de games é promissor para microempresas
Doceira inova e transforma brigadeiro em produto gourmet
“Começamos sem pretensão. Fizemos um estudo de mercado e vimos que os bolos estavam com uma imagem muito ruim perante o consumidor, principalmente aqueles vendidos em padarias e mercados, que já vêm com a massa pronta”, afirma Rafael, acrescentando que o negócio cresceu 45% só em 2013.
Outro caso que impressiona pelo rápido crescimento é o da Tradicional Bolos Caseiros. O negócio surgiu em setembro de 2011, quase por acaso. “Quando minha esposa, Flávia, teve nosso primeiro filho, ela largou seu emprego como advogada para começar a fazer bolos. Então, um casal de amigos deu a ideia de expandir isso, e eles entraram como sócios”, afirma Vinícius Olliver.
Após fazer um investimento de R$ 80 mil para a abertura da primeira unidade, e gastar mais R$ 100 mil para produzir o suficiente para atender a demanda e atender às leis sanitárias, a Tradicional deu um retorno de R$ 220 mil em apenas quatro meses de operação. Em 2013, o faturamento total da rede, hoje composta por 25 unidades, foi de R$ 13,5 milhões, uma alta de mais de 400% em relação ao ano anterior.
“Cada uma de nossas unidades vende 7,5 mil bolos por mês. No início, nosso produto era referência, mas agora a concorrência é muito grande e temos de sempre estar acrescentando algo para estar um passo à frente”, explica Olliver.
Aposta na tradição
Nem todos os empreendimentos do setor, no entanto, se rendem ao modelo de franquias. No caso da Bolovers, a tradição é o que conta. A começar pela própria origem do negócio. “Minha mãe já fazia bolos para a família há muito tempo, e eles eram sempre muito elogiados. Então comecei a ver o crescimento do mercado de bolos e decidi montar um negócio nesta área”, lembra Pedro Luiz Gramani, proprietário da Bolovers.
Ele afirma que sua ideia inicial era fazer algo industrializado. No entanto, acabou sendo convencido pela mãe a usar suas receitas e fazer algo mais caseiro, para ter um diferencial diante da forte concorrência. “Abrimos nossa loja no final de 2012, e desde o começo foi um grande sucesso. Ela treinou duas boleiras que jamais haviam pisado em uma cozinha, para que as funcionárias não tivessem nenhum tipo de vício. A produção é totalmente artesanal”, diz Gramani.
Questionado sobre o momento do mercado de bolos, o dono da Bolovers, que opta por manter apenas uma unidade da marca, adota uma visão mais crítica. “Acredito que seja como a moda do cupcake. No começo, muita gente embarcou, mas agora poucos sobreviveram. Acho que daqui uns cinco anos só vão continuar fazendo bolos artesanais aqueles que crescerem muito ou tiverem qualidade”, finaliza Gramani.