Bosch construiu império global revolucionando o automóvel

Gigante do setor automotivo começou como uma pequena oficina no sul da Alemanha no fim do século 19

17 out 2014 - 08h00
Entre as várias contribuições de Robert Bosch para a indústria automotiva estão o magneto, a buzina, o motor de partida, a bomba injetora e o sistema de iluminação elétrico
Entre as várias contribuições de Robert Bosch para a indústria automotiva estão o magneto, a buzina, o motor de partida, a bomba injetora e o sistema de iluminação elétrico
Foto: Reprodução

Uma das maiores fornecedoras da indústria automotiva mundial começou como uma pequena oficina, cujo proprietário ia visitar os clientes de bicicleta. Quando o engenheiro Robert Bosch montou sua pequena empresa no sul da Alemanha, em 1886, não imaginava que sua companhia se tornaria um verdadeiro império global presente em 150 países, com cerca de 300 mil funcionários e faturamento anual de 46 bilhões de euros. Mas foi exatamente o que aconteceu com a Bosch ao longo dos últimos 128 anos. 

Robert Bosch nasceu em 1861 no vilarejo de Albeck, no sul da Alemanha. Penúltimo de doze filhos, ele desde cedo demonstrou potencial para experimentos e invenções, e, ainda criança, já modificava seus brinquedos eletrônicos e mecânicos. Seu pai, agricultor, era membro da maçonaria e tinha um nível de instrução acima da média para sua classe, o que fez com que se esforçasse para garantir uma boa educação para os filhos.

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Desse modo, dos 8 aos 15 anos, Robert estudou em uma escola técnica na cidade vizinha de Ulm, onde aprendeu noções de mecânica de precisão. Após se formar, ele trabalhou durante sete anos para diversas companhias na Alemanha (como a Siemens) e nos Estados Unidos, onde chegou a ser funcionário de Thomas Edison.

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Após retornar para seu país natal, Bosch decidiu montar seu próprio negócio. Nascia assim, em 15 de novembro de 1886, sua Oficina de Mecânica de Precisão e Eletrotécnica, localizada em Stuttgart. Inicialmente, o estabelecimento tinha uma estrutura bastante modesta, a ponto de seu proprietário visitar os clientes de bicicleta.

De carona no setor automotivo

A grande virada na vida de Bosch começaria no ano seguinte, quando ele inventou o magneto, um dispositivo capaz de dar partida em motores automotivos por meio de uma faísca elétrica. Após anos aperfeiçoando o invento, ele finalmente conseguiu criar um sistema de ignição para carros era mais preciso e barato do que as soluções anteriores. Com isso, a empresa se tornou uma das principais fornecedoras da indústria automotiva dentro e fora da Alemanha.

Para atender a crescente demanda externa, o primeiro escritório internacional de vendas da companhia foi aberto ainda antes de virada do século, em 1898, no Reino Unido. Em 1906, a Bosch começou a vender para os Estados Unidos, e inaugurou sua primeira fábrica no país quatro anos depois.

Percebendo o potencial do crescente setor automotivo, Robert Bosch investiu pesado em inovações para atender este mercado. Em 1913, por exemplo, ele lançou um sistema de iluminação elétrica para carros. Era o primeiro a reunir não apenas faróis, mas também gerador, regulador de tensão e bateria, sendo um precursor dos modelos atuais e uma verdadeira revolução para o período.

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Nesta época, a companhia estava aumentando consideravelmente sua participação global. Para se ter uma ideia, 88% de suas vendas eram registradas fora da Alemanha. Apesar disso, Bosch não se acomodou, e no ano seguinte ele lançou o motor de partida elétrico, que facilitou a vida dos condutores na hora de colocar o carro para funcionar. 

Os planos, porém, tiveram de ser mudados a partir de 2 de agosto de 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. No início do conflito, a Bosch possuía oito escritórios na Alemanha, além de cinco filiais e 25 representações comerciais no exterior. Como grande parte da produção era destinada aos países contra os quais a Alemanha entrou em atrito, as vendas da Bosch ficaram paralisadas, e quase todos os seus funcionários foram cedidos para o Exército.

Salvo pela buzina

Terminada a guerra, em 1918, a empresa retomou suas atividades, já quase sem filiais nem representações externas. Para completar, após o conflito, muitos países organizaram suas indústrias automotivas, quebrando várias patentes da Bosch para produzir suas próprias autopeças.

A solução encontrada por Robert Bosch para enfrentar esta crise foi lançar novos produtos. E ele deu o primeiro passo com uma buzina que se tornou a grande sensação na mostra de veículos de Berlim e um sucesso comercial: em dois anos de comercialização foram vendidas mais de 100 mil unidades. Ao mesmo tempo, ele lançou a Bosch Car Service, uma rede de oficinas especializadas que passou a contar com filiais em vários países, atendendo desde a China até a Venezuela. Na sequência, vieram outros produtos, como a bateria automotiva, o limpador de para-brisas e a bomba de injeção de combustível.

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O investimento deu resultado. Em pouco tempo a Bosch se recuperou e até superou o desempenho do período anterior à guerra. Mesmo com o grande sucesso de sua empresa, o empresário resolveu diversificar a produção por conta da crise vivida pela Alemanha no início da década de 1920. Assim, em 1925 ele começou a investir nos segmentos de eletrodomésticos e ferramentas elétricas. Em pouco tempo, a companhia lançou aquecedores de água, furadeiras, martelos elétricos e até refrigeradores.

Com a ascensão do regime nazista e a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a empresa de Robert Bosch passou a produzir armamentos e a empregar trabalhadores forçados. Estima-se que a companhia tenha usado 20 mil escravos ao longo do conflito. Seu fundador, no entanto, não chegou a ver a derrocada do regime de Adolf Hitler, pois faleceu em 12 de março de 1942.

Apesar da derrota alemã e da morte de seu fundador, a empresa mais uma vez se reestruturou no pós-guerra, e hoje é uma das maiores companhias do globo.

Fonte: PrimaPagina
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