A Copa do Mundo realizada mostrou que o planejamento de longo prazo feito pela seleção alemã com o intuito de reconquistar a supremacia no futebol surtiu efeito. O que pode ser absorvido pelas empresas com o exemplo de gestão dos germânicos? A consultoria Mapie analisou o trabalho feito pelos novos tetracampeões e revelou como seus diversos momentos podem ser utilizados por empresas em suas gestões de mudança.
Após a queda ainda na primeira fase da Eurocopa, o campeonato europeu de seleções, em 2000, os gestores do futebol alemão entenderam que mudanças eram necessárias para que o futebol do país voltasse a se destacar. “Este foi o momento da virada”, diz Trícia Neves, sócia-fundadora da Mapie. “Identificados os problemas da falta de talento e métodos de trabalho desatualizados praticados nos clubes locais, foi desenvolvido um planejamento de longo prazo, com metodologia, objetivos e ferramentas necessárias para alcançá-lo”.
A primeira das tarefas foi a capacitação dos treinadores para trabalhar nos mais de 300 campos de futebol que foram construídos pela Federação Alemã em todas as regiões do país. Esses espaços funcionam como captadores dos talentos locais e depois enviam os que mais se destacam para as categorias de base dos clubes, que também funcionam seguindo o padrão estabelecido.
Segundo a consultoria, essa metodologia, pensada e gerida por especialistas, possibilitou que o time alemão fosse formado ao longo desses 14 anos, gerando confiança, experiência conjunta, diálogo e respeito. Para fortalecer ainda mais os laços entre jogadores e comissão técnica, os trabalhos realizados na preparação foram repetidos no Brasil, inclusive com dinâmicas de team building e acompanhamento psicológico.
Também houve a associação com a universidade, que foi responsável pelo estudo das características de cada um dos atletas dos times adversários antes mesmo do Mundial. Trícia diz que, no caso das empresas, “há que se conhecer profundamente o mercado, a concorrência, as perspectivas econômicas, as oportunidades para apresentar serviços atraentes e o comportamento do cliente”. Dessa forma, no caso do time alemão, antes de entrar em campo, os oponentes já eram conhecidos e as melhores estratégias para vencê-los já tinham sido traçadas. Não há espaço para surpresas, nem no esporte, nem nos negócios.
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Outro ponto importante do planejamento alemão faz referência à gestão de marketing, com diversos vídeos de agradecimento aos brasileiros, de interação com comunidade de Santa Cruz Cabrália ou mesmo esbanjando simpatia na tentativa de falar o idioma local. Isso é uma clara linha de posicionamento cuidadosamente pensada para construir a imagem de uma equipe calorosa, humana e acessível, deixando para trás a fama de um povo frio e pouco emotivo. “É importante que as empresas saibam qual mensagem querem passar aos clientes, como será a comunicação – tanto institucional como interna – para que haja consistência e clareza de posicionamento, facilitando a adequação das expectativas do público ao produto”, comenta a executiva.
E para fechar com chave de ouro (ou com a taça da Copa...), o respeito com os adversários foi um fator que chamou a atenção em todos os momentos do time comandado por Joachim Löw. Em nenhuma situação houve arrogância ou chacota. Pelo contrário. Na vitória por 7 a 1 sobre o Brasil, por exemplo, os alemães foram respeitosos, agradeceram a hospitalidade, incentivaram os atletas e reconheceram a história do país na modalidade. “A elegância ao tratar os concorrentes só fortalece a imagem de uma empresa e facilita suas relações com o mercado”, afirma Neves.
Para a consultora, a Alemanha deu exemplo de planejamento, metodologia, gestão e execução. “No universo esportivo, tanto quanto no empresarial, é preciso se espelhar em exemplos como esse para que o sucesso seja uma escalada constante, não esporádica e fruto de uma contingência de momento”, salienta Trícia.