Nos últimos dias, o nome de David Neeleman voltou a ganhar destaque nos meios de comunicação: ele venceu a disputa pela privatização da companhia aérea portuguesa TAP. Dono da brasileira Azul e da JetBlue, dos Estados Unidos, o empresário já mostrou sua visão estratégia em outras ocasiões – foi, por exemplo, pioneiro na implantação dos e-tickets (bilhetes eletrônicos) para vendas de passagem no setor.
Conheça ferramentas para aumentar produtividade da equipe
Filho de um jornalista norte-americano que atuava como correspondente no Brasil, Neeleman nasceu na cidade de São Paulo, em 1959. Aos 5, retornou com a família para os Estados Unidos, onde completou os estudos primários e ingressou na Universidade de Utah. Depois de três anos, largou a faculdade e voltou ao Brasil como missionário mórmon.
Reaprendeu o português para pregar nas favelas do Rio de Janeiro e em comunidades do Nordeste. Depois voltou à América do Norte, onde se uniu a antigos colegas de graduação para vender pacotes de viagem para o Havaí.
A iniciativa deu tão certo que Neeleman foi contratado pela Morris Travel, uma das principais agências de viagem dos EUA na época. Depois de crescer dentro da empresa, fez sua primeira incursão no mercado das companhias áreas aos 23 anos, ao fundar a Morris Air, que tinha as tarifas baratas como estratégia de expansão.
A aposta se mostrou acertada. Em 1993, a Morris Air foi vendida para a Southwest Airlines por US$ 130 milhões. Neeleman pegou sua parte no negócio (US$ 25 milhões) e investiu no ramo da aviação. Uma das apostas foi a Open Skies, pioneira na administração via internet de reservas de passagens áreas. Outra ideia revolucionária em que esteve envolvido foi a implantação do sistema de passagens eletrônicas de avião.
Driblando a concorrência
Sua grande jogada, porém, viria em 1998, quando criou a JetBlue, que conseguiu a façanha de crescer em meio a uma das maiores crises da aviação norte-america, graças às baixas tarifas. Para se ter uma ideia do sua estrondosa ascensão, em 2001 ela foi eleita a melhor aérea dos Estados Unidos em voos domésticos.
Depois de solidificar o nome da JetBlue nos EUA, Neeleman voltou seus olhos para o mercado brasileiro, na época dominado por TAM e Gol. Criou, em 2008, a Azul, com a proposta de ligar as grandes capitais a cidades de médio porte. Como resultado dessa estratégia, passou a operar sem concorrência em boa parte de suas rotas, disputando passageiros apenas com ônibus intermunicipais e interestaduais.
Outra estratégia foi comprar uma frota de aviões totalmente nova e nacional. A Azul rapidamente se tornou mais eficiente do que a Gol e a TAM, tendo gerado, em 2012, uma receita por passageiro de R$ 0,22 por quilômetro voado, enquanto as outras duas operavam a taxas menores do que R$ 0,20.
A atuação da Azul foi reforçada em 2012 ao se fundir com a Trip, outra aérea que apostava em rotas alternativas. Hoje, a Azul é a terceira maior do setor no Brasil, com 21 milhões de passageiros e 100 destinos oferecidos em 2014.
Sua mais recente cartada, a compra da TAP Portugal, foi dada em parceria com o empresário português Humberto Pedrosa. A dupla, que deve assumir 61% da companhia, terá de lidar com o desafio de tapar o rombo de cerca de 1 bilhão de euros. Será mais uma oportunidade para David Neeleman provar que sua visão empreendedora continua afiada.