A falta de água em municípios do estado de São Paulo afeta várias empresas, mas seu impacto tem sido em parte minimizado por outro problema: a crise econômica. A redução da atividade faz com que alguns setores, sobretudo a indústria, não precisem usar toda sua capacidade produtiva.
Em 2014, o nível de atividade industrial, medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), recuou 5,9%. O número de horas trabalhadas caiu 6,6%. Em janeiro, o declínio foi de 5,7%, em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Em nota enviada ao Terra, porém, a entidade ressalta que a crise hídrica tem o agravante de atingir mais fortemente duas áreas que respondem por metade do PIB da indústria paulista: as regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas. “Já existem restrições nessas regiões, previstas por resoluções da Agência Nacional de Águas (ANA), quanto à instalação de novas captações de água em rios, bem como restrições de captações diárias de acordo com o nível dos rios”, diz a Fiesp.
Outro fator que, segundo a federação, atenua o problema é a adoção ao longo dos últimos anos de medidas de redução do gasto de água – isso é mais comum na indústria que em outros setores. Mesmo pequenas empresas do ramo vêm trabalhando para deter o consumo de água, por meio da adoção de processos mais eficientes, troca de tecnologia e monitoramento de perdas.
“Água é um insumo essencial para os processos produtivos, e suas as perdas impactam diretamente no balanço financeiro da empresa, pois paga-se por sua compra e, se desperdiçado, ainda se paga por sua disposição, no caso de rejeitos ou tratamento, como os efluentes sanitários” aponta a entidade.
De acordo com o Relatório de Situação publicado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a captação de água para plantas industriais caiu 47% em dez anos (de 14,56 m³/s para 7,71m³/s), apesar da expansão do setor nesse período.
“As boas práticas relacionadas ao uso e conservação da água possibilitam maior segurança em situações de interrupção do fornecimento do recurso. Entretanto, mesmo os sistemas com circuito de água totalmente fechado necessitam de reposições. Portanto, também possuem limites para operação dos processos sem reposição de água”, encerra a Fiesp.