Demitidos transformam rescisão em capital para empreender

Em vez de lamentar a perda do emprego, empresários “calouros” vão à luta e aproveitam o momento de mudança para trilhar novos caminhos

18 ago 2015 - 07h00
(atualizado às 10h57)

Para muitos, deixar o emprego ou ser demitido em um momento de crise para o país é loucura ou tragédia. Porém, algumas pessoas estão ignorando as dificuldades de se recolocar no mercado de trabalho e aproveitando o dinheiro da rescisão para realizar um antigo sonho: ter o seu próprio negócio.

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É o caso de Carlos Eduardo dos Santos Nogueira, que trabalhava como bancário há 13 anos. Ele explica que a ideia de ter seu próprio negócio surgiu devido à pesada rotina de seu antigo trabalho. “A vida bancária vinha se tornando cada vez mais pesada nos últimos anos, com muitas cobranças e metas altas. Além disso, eu trabalhei por muito tempo na parte operacional, mexendo com gráficos, contas, compra de material, o que me deu uma boa noção de administração”, afirma.

Neide Rosa optou por empreender após ser demitida e encontrar dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho
Neide Rosa optou por empreender após ser demitida e encontrar dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho
Foto: Maria Brasileira / Divulgação

Com isso em mente, ele se reuniu com seus superiores e pediu para ser desligado da empresa. Com uma parte do dinheiro da rescisão, ele montou uma loja de troca de óleo automotivo em parceria com um antigo cliente do banco. Depois de um ano acumulando experiência em administração e no trato com clientes, decidiu que estava na hora de mudar de ares.

“Minha família já estudava na escola de idiomas Yes! há dois anos. Resolvi conhecer mais de perto e fui muito bem recebido pela marca. Estudei bem a localização, montei uma boa equipe, e inaugurei minha unidade em Belfort Roxo [região metropolitana do Rio de Janeiro] em fevereiro, com um número de matrículas já superior ao que precisávamos para equilibrar as contas”, revela.

Além da parte operacional, Carlos também trouxe de sua trajetória no banco a prática de ouvir o cliente, ser atencioso e saber negociar. “Uma das maiores dificuldades de se ter o próprio negócio é saber lidar com pessoas, mas felizmente eu já tinha uma boa experiência com isso. Hoje eu trabalho tanto quanto antes, mas o desgaste e o cansaço são muito menores, pois saio com a satisfação de ver meu projeto crescer e de prestar um bom serviço”, acrescenta.

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Aposta contra a crise

Também bancária, Neide Rosa resolveu empreender depois que foi demitida e viu que encontraria dificuldades em arrumar um novo emprego por conta da situação negativa vivida pelo país. “Procurei o Sebrae para fazer alguns cursos na área e visitei a feira que eles promovem sobre empreendedorismo. Lá conheci a Maria Brasileira [rede de franquias que presta serviços de limpeza], gostei do suporte oferecido e resolvi apostar”, afirma.

Assim, mesmo sem ter qualquer experiência como empresária, Neide inaugurou sua própria unidade em maio, no bairro da Mooca, em São Paulo. “Está sendo um grande desafio, e todo o conhecimento que acumulei de administração e contabilidade tem me ajudado bastante”, diz.

Empreender é preciso

Já José Ricardo Pereira dos Santos trabalhou no segmento de navegação durante 22 anos, mas em 2015 decidiu sair da empresa por discordar do seu estilo de gestão. “Eu atuava como coordenador na cidade de Vitória (ES), mas a coordenação passou a ser executada de forma remota. Em abril já estava muito sufocante, e como eu já tinha vontade de montar meu negócio, saí com o foco de empreender”.

Ele negociou com os chefes e conseguiu sair recebendo o dinheiro da rescisão. Com essa capital em mãos, decidiu abrir uma franquia da escola de idiomas Yes! por indicação de sua namorada, que era estudante da rede e a elogiava bastante. Ele então procurou a marca e se convenceu graças à atenção que recebeu. A unidade de Ricardo será inaugurada apenas em setembro, mas ele já se sente realizado por ter seu próprio negócio.

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“No dia em que eu fui me despedir das pessoas do meu antigo emprego eu estava feliz. Até hoje não me vejo voltando atrás. Tive ofertas de emprego quando saí, mas estava muito firme na minha oportunidade de empreender”, conta José Ricardo.

Fonte: PrimaPagina
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