Um levantamento divulgado na semana passada pelo Sebrae mostra que as pequenas empresas brasileiras já estão lucrando com a Copa do Mundo. De acordo com a instituição, este setor faturou, desde 2011, R$ 281 milhões com ações ligadas ao mundial de futebol, e deve obter um faturamento de R$ 500 milhões até o final do campeonato da Fifa.
O levantamento foi realizado entre as 42 mil empresas que aderiram ao Programa Sebrae 2014, criado em 2010 para auxiliar os empreendedores nacionais a aproveitar as oportunidades geradas pelo mundial, e revelou casos de empresas que souberam se preparar para o evento e já começaram a colher os frutos desse esforço. Um bom exemplo é a Fantastic Brindes, empresa paulistana que triplicou seu faturamento ao longo do segundo semestre de 2013 graças ao trabalho de divulgação que fez de olho na Copa de 2014.
Criada no fim de 2008 pelos sócios Rubens Bitelli Lorenzetti e Thais Alves, a Fantastic Brindes inicialmente era tocada exclusivamente pelos proprietários e tinha uma única funcionária: a secretária. Rubens conta que no começo eles compravam produtos de outros fabricantes e só personalizavam com a marca do cliente. Depois de dois anos, no entanto, decidiram começar a fabricar seus próprios produtos e se especializaram na produção de canecas e copos de plástico.
Foi durante a Copa da África do Sul, em 2010, que Rubens percebeu o potencial de produtos voltados para o mundial de futebol. “Eu ia na rua 25 de Março, via novidade, lançamento, e divulgava aquele produto que era vendido no varejo para ser vendido para brinde. E deu muito certo na Copa da África do Sul a gente vender as vuvuzelas personalizadas, as cornetinhas. Eu fui muito em cima disso e vendeu muito”, conta ele.
Com base nessa experiência, no ano passado Rubens resolveu aproveitar a Copa no Brasil para investir em brindes espcialmente voltados para o torneio de futebol. Assim nasceu o Kit Torcedor – com copo, caneca, mochila, vuvuzela, corneta, apito e zumbina – que é personalizado com a marca do cliente. “Hoje todo mundo fala que tem kit, mas o primeiro quem lançou fui eu. E ninguém vende da forma que eu vendo, assim agrupado, até com mochila”, afirma o empresário.
Rubens conta que começou a trabalhar o Kit Torcedor já no início de 2013, para investir na Brazil Promotion, maior feira de marketing promocional da América Latina, que acontece todos os anos em agosto. Com isso, ele diz ter saído na frente dos concorrentes. “A gente começou a divulgar em abril, quando ninguém estava pensando nisso. O pessoal ainda não estava botando muita fé na Copa. Comecei a divulgar nos catálogos de brindes e na Brazil Promotion eu foquei tudo em cima disso”.
O esforço deu resultado. Segundo Rubens, até julho de 2013, o faturamento médio mensal da Fantastic Brindes era de R$ 140 mil. Depois da feira, o faturamento mensal bateu na casa dos R$ 240 mil em setembro, pulou para R$ 380 mil em dezembro e chegou aos R$ 440 mil em janeiro de 2014, atingindo o recorde histórico da empresa. Ou seja: em seis meses, ele viu o faturamento de seu negócio triplicar.
O empresário acredita que o crescimento está ligado à Copa de duas maneiras diferentes: em parte pela venda de brindes relacionados diretamente ao torneio, mas também pela visibilidade que a empresa ganhou ao apostar na divulgação voltada para o evento. “Eu investi tanto em marketing direcionado à Copa que automaticamente as pessoas acabaram procurando, vendo que a gente tinha outros produtos”, conta Rubens. Segundo ele, ainda que já tenha começado a vender Kits Torcedor no ano passado, agora é que estão chegando os grandes pedidos. Recentemente, a Fantastic Brindes produziu 12 mil para o Teresina Shopping, no Piauí.
Assim, o marketing voltado para a Copa tem ajudado a divulgar o nome da empresa no mercado, abrindo portas para encomendas mais regulares, de produtos que não necessariamente têm a ver com o torneio. Rubens diz que costuma receber pedidos grandes (mais de 100 mil itens) e regulares (a cada dois meses) de grandes empresas nacionais e multinacionais, como Tim, Grupo Indaiá e Casas Pernambucanas.
Oportunidades para todos
A história da Fantastic Brindes é um dos casos de sucesso de empresas que participam do Programa Sebrae 2014. A iniciativa surgiu em 2010, para apoiar e orientar empreendedores que queriam investir na Copa. Na época, o Sebrae realizou, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), um mapeamento para identificar oportunidades de negócios nas 12 cidades-sedes em dez setores: agronegócio, artesanato, comércio varejista, construção civil, economia criativa, madeira e móveis, moda, serviços, tecnologia da informação e turismo.
A partir desse levantamento, o Sebrae desenvolveu uma série de iniciativas para ajudar as pequenas empresas a aproveitar as oportunidades criadas pela Copa. “Destaco a Central de Oportunidades – que pode ser acessada no site do Programa Sebrae 2014 – um canal, online e gratuito, no qual os empreendimentos podem ofertar seus produtos e serviços ou buscar fornecedores, anunciando suas demandas. A Central de Oportunidades é direcionada aos pequenos negócios, inclusive os dos 10 segmentos atendidos pelo Programa Sebrae 2014. Outra ação que tem dado grandes resultados são as rodadas de negócios, por meio das quais o Sebrae coloca lado a lado grandes compradores com os potenciais pequenos fornecedores”, conta Luiz Battetto, presidente do Sebrae.
E foi justamente por meio de avaliações realizadas durante essas rodadas de negócios e do programa Comércio Brasil – que visa colocar as micro e pequenas empresas em contato com novos canais de comercialização – que o Sebrae fez o levantamento de quanto os pequenos negócios já faturaram com a Copa, explica Barretto. Segundo ele, foi realizado o levantamento do faturamento das pequenas empresas como um todo, e não por segmento, mas ele destaca que as áreas de construção civil, comércio varejista, agronegócio, moda e turismo se destacaram.
Seja como for, o presidente do Sebrae afirma que empreendimentos de vários perfis estão se beneficiando com o mundial. “Empresas de todos os portes e segmentos estão lucrando com a Copa do Mundo. Há desde artesãos e produtores rurais com produtos de preço baixo até fornecedores da construção civil para arenas da copa que se preparam e conseguiram aproveitar a oportunidade de comercialização”.