Se a criação de gado é um dos maiores causadores das mudanças climáticas, como defendem alguns especialistas, churrascarias são tão vilãs do meio ambiente como um caminhão soltando fumaça preta. Um restaurante na capital do Maranhão está tentando amenizar essa imagem. A Churrascaria Barriga Verde, criada pelo catarinense Fabrísio Rossini em São Luís, tem adotado diretrizes para reduzir o consumo de água e energia e dar melhor destino a seu lixo.
Apertem os cintos, os bancos sumiram
A ideia de implantar estratégias desse tipo para se diferenciar da concorrência surgiu logo na abertura do negócio, em 2008. As primeiras ações foram treinar funcionários para economizar água e luz. “Apenas colocar cartazes não adianta se a gente não conversar com as pessoas antes. Também mudamos alguns procedimentos para sujar menos e, consequentemente, gastarmos menos água”, conta Rossini.
Esses passos foram insuficientes. O proprietário conta que a churrascaria sofria com constantes falta de recurso hídrico por conta do fornecimento precário na cidade. “A gente tinha de recorrer a três caminhões-pipa por semana, a um custo de R$ 120 cada. Até que cheguei à conclusão que seria mais vantajoso investir R$ 17 mil para termos um poço artesiano.”
Atualmente, o poço fornece água potável para o estabelecimento, e o recurso é usado tanto para a limpeza quanto para o preparo dos alimentos. “Nunca mais tivemos de contratar um caminhão-pipa, e hoje pagamos apenas R$ 135 referentes a tratamento de esgoto”, resume.
Para poupar eletricidade, o restaurante investiu em telhas transparentes, adotou a rotina de limpar periodicamente condensadores e freezers, e desligá-los à noite. “Fazemos um controle mensal dos gastos segundo o número de clientes, e revemos as coisas sempre que saem da normalidade.”
Resíduos Sólidos
Outra preocupação é com a destinação dos resíduos gerados pela churrascaria. Os 300 a 400 quilos de papelão descartados por mês passaram a ser encaminhados para a companhia de energia elétrica local, que em troca abate uma parte do valor da conta de luz do estabelecimento.
“Nós também criamos um amassador de latas artesanal, para compactarmos as 6 mil latas que geramos por mês. Agora pretendemos montar ponto de coleta seletiva no estacionamento, que será aberto ao público. Esperamos apenas uma autorização para colocar isso em prática”, completa Rossini.
Ele diz que a motivação principal não é financeira, mas de ajudar o meio ambiente e conscientizar as pessoas. “Se colocarmos no papel, a economia que temos não compensa o trabalho que dá. Mas não é porque o Brasil tem recursos abundantes que temos de agir como se nunca fosse acabar. Por isso, penso que quanto mais sustentável um negócio for, mais garantido ele estará no futuro. É um investimento.”