Com o freio na economia durante o primeiro semestre, algumas empresas estão tendo dificuldade para arcar com as despesas. Os dados mais recentes da Serasa Experian mostram que, em maio, a pontualidade nos pagamentos dos pequenos e médios empreendimentos atingiu o menor nível desde janeiro: 95,2%. Como lidar com o risco de débitos neste momento difícil? O consultor de finanças Wagner Paludetto, da unidade paulista do Sebrae, aponta alguns caminhos.
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Um fator fundamental para não ser pego de surpresa por uma queda brusca de faturamento ou por um eventual calote de um cliente é o capital de giro. “Há pouco tempo conversei com uma empresária que faturou R$ 300 mil no ano passado, mas este ano levou um calote que a fez vender o carro e pegar empréstimos com dois bancos no valor de R$ 40 mil. Se ela tivesse reservado dinheiro para um imprevisto como esse, o dano seria muito menor”, comenta.
O valor ideal do capital de giro varia de acordo com o ramo de atuação. Paludetto aconselha que, em geral, guarde-se ao menos o equivalente a três meses de despesas fixas.
Outra medida eficaz para manter a saúde das finanças é separar o dinheiro pessoal do corporativo. “Um dos grandes erros é fazer retiradas do caixa sem planejamento. É preciso estabelecer um salário para o dono do negócio que seja compatível com o faturamento e respeitar esse limite. Além disso, deve-se criar uma conta pessoa jurídica independente da pessoa física.”
Porém, na maré baixa às vezes mesmo um gestor precavido acaba entrando no vermelho. A primeira coisa a fazer nesses casos, sugere o consultor, é levantar todas as contas pendentes. “Tem muita gente que até evita olhar os números para não se apavorar. Mas é preciso saber exatamente quanto se deve e qual o tamanho da parcela mensal que você pode assumir para quitar tudo. Não adianta nada fazer um parcelamento e não dar conta depois de três meses. Além de voltar à estaca zero, você se queima com o banco.”
Com os números em mãos, procure o gerente de sua conta e veja se a instituição pode oferecer algum empréstimo compatível com suas necessidades e possibilidades. “Uma coisa que os empresários pouco usam é a portabilidade. Sempre existe a possibilidade de levar a dívida para um banco que dê melhores opções.” Outra saída é negociar com fornecedores para pagar a prazo, ou antecipar receitas de duplicatas e cheques.
E prepare-se: a questão não é só financeira. Seu brio será colocado à prova, avisa Paludetto. Possivelmente haverá ligações de credores fazendo cobranças duras – não raro, eles estão ainda mais desesperados que você. Também será preciso escolher quais contas pagar primeiro. “Priorize aquelas que travam o funcionamento da empresa, como funcionários, e negocie prazos com fornecedores, que são mais flexíveis”, recomenda o consultor.