Estádio aquece economia de Itaquera, mas menos que esperado

Pesquisa mostra que principal mudança após construção da arena que abriu a Copa do Mundo foi melhoria de imagem da região

6 mai 2015 - 07h00

Com 35% da população da capital paulista, a Zona Leste é a mais densamente povoada de São Paulo. Mas gera apenas 16% dos empregos. Tem 2,3 milhões de adultos economicamente ativos, mas 1,8 milhão se deslocam todos os dias para ir ao trabalho. Como resultado, é a área da cidade que gera maior pressão sobre o transporte público.

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Esses números deixam clara a necessidade de fomentar a economia local. Uma das áreas em que houve incentivos nesse sentido foi Itaquera. Com seus mais de 500 mil habitantes, um dos maiores e mais importantes bairros da região vem experimentando uma fase de crescimento e valorização.

Estudo da FGV indica que Arena Corinthians não inaugurou novo ciclo na região, mas deu mais visibilidade ao processo
Estudo da FGV indica que Arena Corinthians não inaugurou novo ciclo na região, mas deu mais visibilidade ao processo
Foto: Jefferson Bernardes / Shutterstock

A construção da Arena Corinthians – nome oficial do estádio de futebol mais conhecido como Itaquerão – ajudou a reforçar esse fluxo de dinheiro privado e investimentos públicos em infraestrutura. Principalmente, mudou a imagem que os próprios paulistanos tinham do bairro, o que é bom para os negócios.

“O estádio está inserido num projeto de desenvolvimento que já estava em andamento. O bairro tem metrô há muitos anos, já tinha shoppings e um polo comercial”, afirma o professor Fernando Burgos, coordenador do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo, da Fundação Getúlio Vargas, e responsável por uma pesquisa realizada entre julho de 2013 e julho de 2014. “Para os comerciantes, melhorou a visibilidade do bairro. Itaquera é um bairro do centro expandido de São Paulo, mas era visto como periferia.”

Alguns movimentos sociais com atuação na região aproveitaram a maior visibilidade para fazer avançar problemas que se desenrolavam havia décadas. No entanto, comerciantes entrevistados pelos pesquisadores da GV indicaram ter ficado de fora dos debates sobre o desenvolvimento do bairro, e mostraram desconfiança sobre as tendências para o futuro. “Fica a impressão de que os empreendedores de menor porte não se constituíram público-alvo da política arquitetada pela Prefeitura de São Paulo”, diz o relatório da pesquisa.

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Comércio ao redor do estádio ganhou força, mas pequenos empresários ainda vêm incertezas no futuro
Foto: Oli Scarff / Getty Images

De qualquer modo, o bairro vem ganhando equipamentos públicos nos últimos anos. Além disso, o Programa de Incentivos Fiscais da Zona Leste, lançado pela prefeitura em dezembro de 2013, prevê que diversas categorias, como informática, call centers, educação e costura, recebam isenção de IPTU e ISS e redução de ISS para 2%.

Entre as oportunidades que Itaquera oferece para os empresários estão:

Esportes: A frequência de torcedores eleva a demanda por produtos na área – e não só do Corinthians. É possível explorar as vendas principalmente nos arredores do estádio, próximo ao shopping Metrô Itaquera.

Educação: Itaquera tem população com média de idade de 32 anos e apenas 10% de chefes de família com diploma universitário. Há um grande potencial para crescimento no setor de ensino, com todo o tipo de negócio relacionado a ele.

Parque do Carmo é uma das atrações do turismo na região – setor que pode ser mais bem explorado pelos negócios
Foto: Prefeitura de São Paulo / Divulgação

Vestuário: Público consumidor não falta em Itaquera. Não fosse assim, o bairro não abrigaria o maior shopping center da América Latina – o Aricanduva, que tem mais de 500 lojas – e outros dez centros comerciais. Há espaço para mais, especialmente no setor de vestuário.

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Turismo: Bem servida por transporte público, a região abriga o Parque do Carmo, com 1,5 milhão de metros quadrados. Há também o Parque Raul Seixas e o próprio estádio de futebol. Esses centros de lazer e entretenimento favorecem o desenvolvimento de comércio nos entornos.

Imobiliário: Assim que a construção do estádio foi anunciada, os preços dos imóveis subiram mais de 40% e os negócios ficaram congelados. Agora, o mercado tende a se estabilizar e a comercialização vai ser retomada em patamares menores que os da Copa, mas superiores aos de anos atrás.

Fonte: PrimaPagina
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