Duas importantes marcas de roupas e acessórios do Brasil, com lojas espalhadas por todo o país, têm algo em comum: Farm e Via Mia são duas das inúmeras empresas que deram seus primeiros passos nos pequenos estandes de um evento que surgiu despretensiosamente, no Rio de Janeiro, em 1996. Ao completar 18 anos, no entanto, a Babilônia Feira Hype já faz parte do calendário fashion carioca, e continua sendo o ponto de partida para muitos que buscam seu lugar ao sol no cada vez mais competitivo mercado de moda nacional.
“Havia, na época, uma carência grande de lugares nos quais as pessoas pudessem ter acesso ao que novos criadores estavam fazendo em termos de design e moda”, explica o produtor Robert Guimarães, um dos idealizadores do evento. Inspirado em feiras da Europa, ele e o também produtor Fernando Molinari, então recém-chegado do Velho Continente, criaram a Babilônia Feira Hype.
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O evento, no entanto, não buscava responder apenas aos anseios dos consumidores. “Antes, as grandes marcas eram o destino de quem trabalhava com moda. As pessoas não assinavam coleções próprias, não tocavam seus projetos”, afirma Guimarães, que completa: “Queríamos oferecer a oportunidade de novos empreendedores terem um espaço do tamanho de seus negócios”.
Foi num dos pequenos estandes da Babilônia, por exemplo, que a Via Mia começou sua vitoriosa trajetória. “No primeiro ano da feira, só se falava nisso na Zona Sul do Rio, e, em 1998, conseguimos entrar, mostrando o potencial do nosso produto”, lembra Roger Sabbag, um dos sócios da marca.
O empresário, que fala com saudades daqueles tempos, afirma que o mais importante era escutar o cliente. “Tratava-se de um público antenado, que sabia das coisas, e, ouvindo, acabamos por lançar uma moda despojada, carioca, colorida, que, por ironia ou não, acabou virando tendência para o Brasil”, diz Sabbag, apoiado nos números da Via Mia, que produz em torno de 600mil peças por ano e tem franquias espalhadas por todo o país.
A Via Mia é apenas um dos resultados mais visíveis daquilo que Guimarães considera ser uma das missões do evento: “Ele tem o papel de incubar novas marcas e otimizar os riscos dos iniciantes, que entram na feira e descobrem coisas sobre seus negócios”.
Os números da Babilônia Feira Hype são, de fato, impressionantes. Em seus 18 anos de existência, cerca de três milhões de pessoas visitaram suas mais de 300 edições, das quais participaram em torno de quatro mil grifes iniciantes.
Novos participantes
A feira ocorre quase mensalmente, e a cada edição há cerca de 120 expositores, dos quais em torno de um terço são marcas que estão estreando no evento. “Mantemos sempre uma rotatividade de 30, 40 vagas, para dar oportunidades a novos empreendimentos e para oferecer novidades ao público”, afirma Guimarães.
A You Do, por exemplo, é uma marca de acessórios que, apesar de ter nascido no começo de 2014, já está indo para sua segunda participação no evento. “A primeira vez em que estivemos foi muito bacana, nossos produtos foram muito bem vistos e várias pessoas nos procuraram depois”, relata Suzy Gouvêa, que criou o negócio com sua filha, Thais Scot. Seguindo o espírito de inovação da Babilônia, a You Do vai mostrar uma coleção nova na próxima edição, que acontece nos dias 2 e 3 de agosto no Clube Monte Líbano, no bairro do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.
“Hoje, ter loja representa um investimento muito grande, por isso a importância de participar da feira”, continua Suzy, que, se é nova enquanto expositora, já conhecia o evento há anos como consumidora: “Eu frequento a Babilônia Feira Hype desde que minha filha era criança”.
Apesar de o evento já ter fechado os participantes da próxima edição, as inscrições para participar da feira estão constantemente abertas no site do evento. Depois, é feito todo um trabalho de curadoria com aqueles que querem expor. “Nós entramos em contato, fazemos entrevista e avaliamos o produto, o produtor e o preço das peças”, explica Guimarães.
Já os estandes são alugados por valores que variam entre R$ 500 e R$ 2 mil, dependendo do tamanho e da localização do espaço. “As iniciativas ganham dois valores: um com as vendas, e um intangível, que surge da participação de um evento com a marca da Babilônia Feira Hype”, diz Guimarães. E, como afirma Suzy, “as grandes marcas que passaram pelo evento reforçam a importância da feira”.