No último dia 2 de agosto acabou o prazo estabelecido pela Lei 12.305 para estados e municípios acabarem com seus lixões e criarem sistemas de tratamento de resíduos sólidos. A medida legal foi aprovada em agosto de 2010 e deu quatro anos para governos estaduais e prefeituras se adaptarem às novas exigências, mas neste período muita gente não fez a lição de casa.
Um levantamento da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP) mostra que, dos 5565 municípios brasileiros, quase 2700 pouco fizeram a respeito. A boa notícia é que a falta de iniciativa das administrações públicas abre um novo universo para quem quer investir no mercado de tratamento de resíduos sólidos.
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As novas exigências ambientais criadas pela Lei 12.305 estão levando muitas empresas e entidades públicas e privadas a se preocuparem com a chamada logística reversa, que é o transporte de produtos – ou de seus resíduos, desde o ponto de consumo até o de origem, ou até sua deposição em um local seguro. Como nem todas as empresas e instituições têm uma estrutura própria para recolher esse material, pequenas empresas podem oferecer esse tipo de serviço, explica Jéssica Ferrari, analista do Centro de Sustentabilidade do Sebrae.
“O resíduo precisa retornar para as indústrias, e muitas empresas estão entrando neste mercado, fazendo a recaptação. Como cerca de 73% dos pequenos negócios do Brasil estão no interior, eles têm uma grande capilaridade para a recuperação destes resíduos, muito mais do que as grandes empresas”, afirma Jéssica.
Recolher e refazer
A atuação na área de logística reversa pode se dar de diversas formas, desde empresas que aproveitam a matéria-prima descartada para a confecção de novos produtos até negócios especializados na coleta e tratamento de resíduos gerados por terceiros. Jéssica cita dois casos de sucesso de empresas que apostaram nesse setor, cada uma com um tipo de atuação.
A primeira é a gráfica RS de Paula, que produz cartões de PVC em uma fábrica no interior de São Paulo. A empresa começou a coletar cartões descartados e reciclar o plástico para produzir brindes corporativos como uma fonte extra de faturamento. A iniciativa deu tão certo que hoje a fabricação de produtos reciclados rende mais que os serviços gráficos. A segunda é a Centro Oeste Ambiental, que atua em Rondonópolis (MT), e está crescendo bastante no ramo de coleta de resíduos hospitalares.
Para aproveitar as oportunidades abertas pela nova lei de resíduos sólidos, no entanto, o empreendedor tem que se informar bem sobre as exigências do setor. “Antes de investir nesta área, é preciso conhecer bem a legislação de resíduos sólidos, o mercado em que vai atuar, e saber como obter os fornecedores para sua matéria-prima e para quem vai revender os produtos, processados ou não”, diz Jéssica, acrescentando que, no caso de resíduos perigosos, também é importante estar preparado para cumprir uma série de exigências de transporte e armazenagem.