O comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 16 bilhões apenas no primeiro semestre de 2014, uma alta de 26% em relação ao mesmo período do ano passado. Os números, divulgados pela empresa E-bit, mostram que investir no setor pode ser um ótimo negócio. No entanto, para evitar fracassos, é preciso que o empreendedor planeje muito bem todos os detalhes da sua empresa, desde a escolha do foco do negócio até a plataforma que será utilizada.
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Enquanto nos Estados Unidos e na Inglaterra o e-commerce já é usado por 90% da população, no Brasil ele ainda fica restrito a 25% dos consumidores, o que significa que ainda há muito potencial para expansão, afirma Marcio Eugênio, especialista em e-commerce e sócio fundador da Loja D Virtual, que desenvolve ambientes de comércio virtuais para micro e pequenas empresas. “Estas tendências às vezes demoram alguns anos para se concretizar por aqui, mas é fato que o Brasil tem um grande potencial de expansão, e o mercado vem crescendo consistentemente desde 2009, com taxas superiores a 20%. É, sim, um ótimo investimento”, explica Eugênio.
Ele alerta, no entanto, que muitas pessoas estão entrando desavisadas neste meio, e correm um grande risco de fracassar. Para Marcio, um dos principais erros cometidos pelos novos empreendedores do setor é a falta de foco. “Não dá para atender a todos, é preciso inicialmente escolher um nicho bem específico. Ao invés de vender todo tipo de artigo esportivo, é melhor focar apenas em tênis para corrida de aventura, por exemplo”, afirma o especialista.
Com isso, acrescenta Eugênio, o empresário passa a oferecer produtos especializados que não existem nas grandes redes de e-commerce, dá um atendimento diferenciado e ainda terá condições de manter um bom estoque, pois a quantidade de modelos será bem menor.
Outro problema apontado pelo especialista é levar a mentalidade do comércio físico para o meio online, e investir mais em estoque do que em publicidade. “Na internet isso não funciona, ninguém vai comprar se não souber que sua loja existe. É preciso investir em ferramentas de marketing e segmentar os anúncios para o seu público. Isso pode ser feito por meio de anúncios vinculados a buscas do Google ou propagandas no Facebook de acordo com os hábitos e interesses específicos”, diz Eugênio.
Detalhes fundamentais
O empreendedor também precisa ser criterioso na escolha de outros componentes fundamentais do seu negócio online, como a plataforma, as formas de pagamento, os canais de comunição com o cliente e a modalidade de entrega. Para Eugênio, a melhor plataforma é aquela que atende às necessidades do seu cliente. “Por isso, antes de escolher uma, você precisa ter muito bem definido qual é o seu público e, com base nisso, buscar aquelas que oferecem os recursos apropriados. Se você for vender para jovens, por exemplo, é fundamental encontrar uma que interaja com redes sociais”, esclarece o especialista.
Já em relação às formas de pagamento, ele defende que, quanto mais opções oferecidas ao consumidor, melhor. No entanto, como cerca de 80% das vendas online são feitas por meio de cartão de crédito, contar com pelo menos uma bandeira é essencial para o negócio. “Outra opção é investir em facilitadores como PagSeguro, mas de forma complementar. Apesar de versáteis, eles cobram taxas maiores do vendedor e desestimulam muitos consumidores, por exigirem realização de um novo cadastro. Algumas pessoas acabam abandonando no meio do caminho”, pondera Eugênio.
O especialista também recomenda que a empresa mantenha ao menos um telefone para atendimento ao consumidor, pois muitas pessoas ligam apenas para saber há uma pessoa do outro lado e comprovar que o negócio existe mesmo. Um chat para tirar dúvidas em tempo real também é uma ferramenta importante para dar credibilidade.
Finalmente, Eugênio lembra que é preciso ter uma boa estratégia de logística. Segundo ele, cerca de 85% das entregas são feitas pelos Correios, mas a estatal impõe algumas restrições em relação a tamanho e peso do produto, e às vezes pode ser necessário buscar uma outra empresa. “Neste caso, uma boa dica é buscar referências com outras empresas que usam o serviço na sua região. Algumas entregadoras têm boa reputação, mas podem não atender bem determinadas localidades. E se ela falhar com o seu cliente, o dano recairá sobre a imagem da sua empresa”, finaliza.