Grandes amigos podem virar parceiros de sucesso nos negócios

Muitas vezes, pessoas que se conhecem bem e têm interesses em comum se unem para abrir empresas. Tomando alguns cuidados, elas podem ser bem

Amigos, amigos, negócios à parte? Não necessariamente. É possível fazer a parceria que existe no plano pessoal dar certo no mundo do empreendedorismo. Tudo depende da maneira como as sociedades são organizadas e mantidas.

Blog: DRE responde várias perguntas sobre uma empresa

Publicidade

Empresas criadas a partir de relações de amizade são comuns. Elas partem de um ponto muito positivo: em geral, são pessoas que se conhecem bem, estão cientes das características, defeitos e qualidades uns dos outros, e têm interesses semelhantes, o que ajuda a definir o foco da companhia. “Muitas vezes, ao empreender, as pessoas podem se sentir sozinhas, sem estrutura para tomar suas escolhas e decisões. Quando você o faz ao lado de um amigo, leva a vantagem de compartilhar as expectativas”, diz a consultora de gestão e negócios Allessandra Ferreira.

Colegas no curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas, Luan Gabellini e Felipe Cataldi hoje são sócios da empresa de sistemas de gestão Betalabs
Colegas no curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas, Luan Gabellini e Felipe Cataldi hoje são sócios da empresa de sistemas de gestão Betalabs
Foto: Divulgação

“Nossa amizade foi essencial para entrarmos de cabeça no negócio”, afirma Roberto Icizuca, sócio do colega de faculdade Guilherme Coelho na startup 01Digital, empresa que existe há 18 anos e atualmente é especializada no desenvolvimento de aplicativos. Roberto cursou Publicidade na Universidade de São Paulo e se formou em 1994, enquanto Guilherme concluía os estudos em Rádio e Televisão na mesma universidade. “Na época, a agência em que eu trabalhava tinha interesse em atuar com novas tecnologias. Ao mesmo tempo, o tema do trabalho de conclusão de curso do Guilherme era multimídia, então os ingredientes para nós entrarmos nesse universo estavam na mesa”, conta Roberto.

Luan Gabellini e Felipe Cataldi também se conheceram na faculdade – mais especificamente no curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas – e se tornaram sócios. “Começamos fazendo reuniões em um café e buscamos um primeiro cliente”, diz Luan. Para fundar a empresa de sistemas de gestão Betalabs, em 2011, os sócios fizeram jornada dupla de trabalho e decidiram juntos qual deles deixaria o emprego primeiro. Hoje, a empresa tem 40 funcionários e 200 clientes.“Ainda engatinhamos, mas sentimos que aquele sonho e ideia de dois amigos, aos poucos, está tomando forma”, afirma Luan.

Regras claras

Publicidade

Mas, se parcerias pessoais são um ótimo ponto de partida para o início de uma empresa, elas não são suficientes para a sobrevivência e a expansão do negócio. A rotina cheia de dificuldades, a falta de dinheiro e a necessidade de tomar decisões difíceis podem colocar em perigo a existência da companhia – e a própria amizade. A boa notícia é que existem maneiras de administrar todas estas dificuldades. 

“Nossa amizade foi essencial para entrarmos de cabeça no negócio”, afirma Roberto Icizuca, sócio do colega de faculdade Guilherme Coelho na startup 01Digital
Foto: Divulgação

A primeira delas é estabelecer por escrito e documentado, desde o primeiro momento, as atribuições de cada sócio. Esta tarefa de definir limites ajuda os próprios amigos a en

tender melhor de que maneira cada um deles vai contribuir. Não precisa ser, necessariamente, uma democracia: se cada um for melhor em uma atividade e tiver a palavra final naquele setor, melhor. 

Foi o que fizeram Renato Freitas e Ariel Lambrecht. A dupla começou a parceria de negócios lançando a rede social acadêmica Ebah e, em 2012, lançou a 99Taxis, uma startup de serviços de chamada de táxis. Para isso, sentiram a necessidade de contatar um terceiro amigo para gerenciar as ações. “Convidamos Paulo Veras para ser o CEO da empresa. Ele já tinha experiência com internet – foi fundador dos sites GuiaSP, Tesla e Pixit – e era nosso amigo”, afirma Renato Freitas.

Publicidade
Os amigos Paulo Veras, Renato Freitas e Ariel Lambrecht uniram forças para criar o aplicativo 99Taxis
Foto: Divulgação

Outra fonte de tensão que pode ser resolvida desde o começo: a retirada de dividendos precisa ser bem definida. É muito comum que, quando a companhia comece a dar lucros, os parceiros se desentendam sobre o que fazer com o dinheiro: investir, contratar mais pessoal, construir novas filiais ou simplesmente se dar o direito de tirar umas férias mais longas – aliás, a própria definição de quando sair para o período de descanso precisa ser bem negociada, para que um dos parceiros não se sinta prejudicado. “Recomendo que os amigos/sócios contratem advogados diferentes para analisar o contrato de sociedade, e nele seja considerado um anexo que descreva as responsabilidades específicas de cada um”, diz Allessandra Ferreira.

Estabelecer com clareza o grau de comprometimento de cada proprietário também ajuda. Se um deles vai passar menos horas por dia na empresa, por qualquer motivo, é importante que a diferença fique clara para todos. Regras para formação de equipe também são importantes. Um parceiro que força a barra para contratar familiares desempregados, por exemplo, pode criar situações de constrangimento – se o funcionário não cumprir suas tarefas a contento, o sócio pode experimentar dificuldade em pedir sua demissão.

Assim, tomando as medidas corretas é perfeitamente possível transformar grandes amizades em parcerias bem-sucedidas no mundo dos negócios. Com ambições semelhantes, competências diferentes e complementares e regras bem estabelecidas, é possível levar a empresa ao sucesso. Como a consultora Allessandra Pereira recomenda: “Sejam éticos, elevem suas expectativas, gostem da companhia, estabeleçam metas claras e celebrem as vitórias, sempre!”

Fonte: PrimaPagina
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações