Quando o município de São Paulo aprovou a Lei Cidade Limpa, que proibiu outdoors e limitou o tamanho das placas de estabelecimentos comerciais, muitos profissionais de publicidade viram uma redução drástica no mercado de anúncios da cidade. No entanto, dois profissionais de marketing enxergaram exatamente o contrário, e decidiram investir em uma forma alternativa de propaganda. Nascia assim a Bagnews, que comercializa anúncios em sacolas de compra feitas de papel.
Segundo o italiano Salvatore Privitera, cofundador da empresa, a ideia de criar a Bagnews foi dada por seu sócio, Osmar Afonso. “Nós dois trabalhamos por muito tempo como diretores de marketing de empresas multinacionais, e eu conto com uma expertise específica em embalagens. Por isso ele me convidou para montar o negócio em 2007. Fizemos um ano de testes e formalizamos em 2009”, lembra.
Privitera argumenta que as sacolas de papel apresentam uma vantagem em relação às mídias convencionais: a reutilização. “A utilidade do jornal, da revista, acaba no momento em que é lido. Já as sacolas são usadas em média por seis vezes. Além disso, ela é ecologicamente correta e pode ser reciclada, o que é bem recebido pelos clientes”, diz.
Além das sacolas de papel, a Bagnews também oferece a opção de anúncios em sacos de pão e caixas de pizza, que atingem públicos mais populares. “As sacolas geralmente são distribuídas em petshops, livrarias, mas existem bairros mais pobres que não contam com estas opções. Por outro lado, toda esquina sempre tem uma padaria. Para estes casos, oferecemos a opção do saco de pão”, diz o empresário.
Expansão via franquias
Com a boa aceitação da proposta, a dupla resolveu adotar o modelo de franquias para expandir a marca a outras localidades. Ao adquirir uma unidade, cada franqueado ganha o direito de explorar as sacolas em uma determinada cidade – ou em um bairro, no caso de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro.
“Cada franqueado faz a sua rede de distribuição de sacolas junto a 40 ou 50 comércios locais, definindo o perfil de público que quer atingir. Depois, ele passa a ir atrás de anunciantes para bancar a impressão de 10 mil exemplares e uma margem de lucro. Já os comércios recebem a sacola sem custos”, explica Privitera.
O perfil dos anunciantes varia bastante de acordo com a estratégia de cada franqueado. Em alguns casos, o empresário aposta em negócios maiores, como imobiliárias e concessionárias, e fecha a impressão com poucas empresas. Em outros, a estratégia é apostar na variedade, e entram desde pequenos comércios até profissionais liberais como médicos e advogados.
Após se expandir rapidamente nos primeiros anos, a rede hoje conta com 24 franqueados e cresce a uma taxa de 20% ao ano. “Nos últimos dois anos estamos sofrendo com a crise, pois a primeira coisa que as empresas cortam quando as coisas apertam é a publicidade. Para contornar isso, é preciso que o franqueado se dedique bastante. Somos uma franquia que demanda baixo investimento. Por outro lado, quem aposta só vai ter um bom retorno se trabalhar muito”, encerra Privitera.