Jornaleiro virou primeiro grande empresário da TV americana

David Sarnoff começou vendendo jornais nas ruas e revolucionou o mercado da comunicação ao transformar o rádio e a TV em veículos de massa

29 jun 2015 - 07h00
(atualizado às 12h54)

Se atualmente o rádio e a televisão são máquinas de fazer dinheiro, isso se deve, em boa medida, a um imigrante do Leste Europeu que chegou aos Estados Unidos no início do século 20 e começou vendendo jornais nas ruas de Nova York. Seu nome era David Sarnoff e ele logo percebeu as possibilidades que as telecomunicações abriam para o mundo dos negócios: ao falar com milhões de ouvintes ou telespectadores ao mesmo tempo, o rádio e a TV elevavam a capacidade de anunciar um produto à enésima potência. Foi assim que o jovem jornaleiro se tornou presidente da NBC, primeira grande emissora de rádio e TV dos Estados Unidos.

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David Sarnoff nasceu em 1891, em uma família judia que vivia na região que hoje corresponde à República de Belarus (antiga Bielo-Rússia). Ainda criança, seu pai imigrou para os Estados Unidos em busca de melhores oportunidades de vida e decidido a juntar dinheiro para financiar a ida de toda a família, o que só aconteceu em 1900.

Bielorrusso chegou aos Estados Unidos vendendo jornais, e terminou a vida como presidente de uma das principais redes de televisão do país
Bielorrusso chegou aos Estados Unidos vendendo jornais, e terminou a vida como presidente de uma das principais redes de televisão do país
Foto: G. Adams / Getty Images

Assim que chegou ao continente americano, Sarnoff começou a ajudar a família vendendo jornais antes e depois das aulas, na cidade de Nova York. Com o primeiro dinheiro que ganhou, ele comprou um telégrafo e logo aprendeu a se comunicar em código Morse.

Quando David completou 15 anos, seu pai pegou tuberculose e ficou incapacitado, cabendo ao jovem a responsabilidade de sustentar a mãe e os quatro irmãos. Apesar do sonho de se tornar jornalista, o único emprego que conseguiu foi como office boy de uma companhia de telégrafo.

Graças aos seus conhecimentos na área, David se tornou operador de telégrafo e, em 1912, captou o sinal de socorro de um navio afundando. Era nada mais nada menos do que o Titanic, e o jovem permaneceu em seu posto por 72 horas seguidas, recebendo e transmitindo a notícia. O episódio lhe rendeu uma promoção ao cargo de gerente comercial da empresa.

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Quatro anos depois, ele propôs que a empresa desenvolvesse aparelhos de rádio amadores para serem vendidos à população em geral. Ao contrário do entendimento da época, que via o rádio como um meio para duas pessoas se comunicarem entre um ponto e outro, Sarnoff acreditava que seria possível transformá-lo em um meio de comunicação de massa, alcançando diversos ouvintes ao mesmo tempo.

Comunicação de massa

A teoria de Sarnoff foi colocada em prática pela primeira vez em 1921, quando ele se tornou gerente da recém-criada RCA (Radio Corporation of America), e convenceu a empresa a transmitir a luta de boxe entre Jack Dempsey e Georges Carpentier. O evento foi um sucesso estrondoso, atingindo 300 mil pessoas. 

Com isso, a demanda por equipamentos de rádio explodiu entre a população, e o nome de David Sarnoff ficou em evidência. Em 1926, a RCA comprou sua primeira estação de rádio e lançou a NBC (National Broadcast Company), a primeira rede de rádio dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo em que contribuía para a popularização do rádio, David também passou a enxergar um potencial semelhante na televisão. Por influência dele, a NBC criou uma estação de TV experimental em 1928. Na sequência, ele se tornou presidente da RCA e passou a financiar as pesquisas de Vladimir Zworykin, engenheiro da Westinghouse, empresa que fabricava equipamentos elétricos. Depois de 11 anos e mais de US$ 50 milhões investidos, o sistema eletrônico de televisão norte-americano era finalmente lançado pela NBC em 1939.

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O programa inaugural, que contou com a participação do próprio Sarnoff, acabou sendo transmitido apenas em Nova York e captado por 200 televisores, com uma audiência estimada de mil pessoas. Apesar da pequena escala, estava lançada ali a semente para o bilionário negócio da televisão nos Estados Unidos.

Ao longo da Segunda Guerra Mundial, Sarnoff foi chamado para supervisionar a construção de um poderoso rádio para integrar as ações de todas as forças aliadas na Europa. Após o fim do conflito, desempenhou um papel central no desenvolvimento da televisão a cores nos Estados Unidos. No fim da década de 1940, a RCA e a CBS – segunda emissora de TV dos EUA – entraram em uma acirrada disputa para definir o padrão das transmissões a cores no país. Graças aos investimentos de Sarnoff, a RCA venceu a disputa no início dos anos 1950, tornando-se o principal fabricante deste tipo de aparelho nos EUA.

Sarnoff ainda comandou os negócios por mais duas décadas, transformando a empresa em uma das maiores corporações de comunicação do mundo. Ele se aposentou em 1970 e faleceu no ano seguinte, aos 80 anos – notícia que chegou rapidamente a milhões de lares graças à visão de negócios de um jovem imigrante que começou vendendo jornais nas ruas de Nova York.

Fonte: PrimaPagina
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