Não é raro que as empresas se preocupem com seus próprios funcionários. Mas uma fabricante de máquinas hidráulicas de Caxias do Sul (RS) destaca-se por atuar não só nesta, mas também em outra frente: a preocupação com os funcionários dos outros. A Lycos Equipamentos adaptou recentemente seu processo de produção, adotou medidas para valorização dos empregados e colheu frutos: foi uma das vencedoras da edição 2015 do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas (MPE Brasil).
Apertem os cintos, os bancos sumiram
Essas conquistas foram resultado de aprendizado. No início, há 12 anos, foi bem difícil, conta o engenheiro mecânico Luciano Vítor Rizzotto, que antes de fundar a Lycos trabalhou em várias indústrias da região. “Quando você sai de uma multinacional para se aventurar num negócio próprio é um choque. As escalas mudam demais. Os primeiros cinco anos foram de grande provação. Fiz muitos investimentos, o retorno foi baixo, mas pude aprender bastante.”
Inicialmente, a fábrica produzia cilindros para movimentar unidades hidráulicas. Os problemas dos primeiros anos fizeram Rizzotto reformular a atuação: concentrou-se na customização de equipamentos de movimentação e elevação de cargas e pessoas. “Em vez de vendermos apenas um produto padronizado, começamos a ouvir nossos clientes e oferecer soluções específicas.”
Logo ele notou que havia carência de maquinário eficiente e, ao mesmo tempo, não prejudicial à saúde do operador. Assim, estudou ergonomia e incorporou o conceito em seus itens. “Não dá para pensar apenas em ter a melhor máquina. A mão de obra está ficando cada vez mais cara e escassa, e muitas pessoas se negam a trabalhar se o posto não for salubre. É aí que nós entramos. O cliente nos procura com uma situação, e nós oferecemos algo ergonômico e que aumente a produtividade.”
Outra mudança implementada na Lycos a partir das dificuldades iniciais foi a valorização do quadro de trabalhadores. Nos primeiros anos, havia grande rotatividade. “Montamos um programa de treinamento e passamos a trabalhar para reter os talentos. Nosso salário não aumentou muito, mas investimos em benefícios como vale-combustível e vale-alimentação sem desconto. Também melhoramos a comunicação com os funcionários, que passou a ser mais direta.”
A estratégia de fato conseguiu reter a equipe por mais tempo – a atual é praticamente a mesma há três anos. “Nós buscamos uma relação mais humanizada com nossos funcionários, e eles falam que os benefícios que oferecemos são similares aos das grandes empresas. Acho que isso faz diferença.”