Invenção do telefone mostra importância de patentes

Três cientistas foram decisivos para criar o aparelho que revolucionou as comunicações, mas Graham Bell teve mais agilidade e recursos para patenteá-lo

12 dez 2014 - 08h00
Graham Bell não apenas patenteou a novidade como a divulgou em eventos científicos e populares
Graham Bell não apenas patenteou a novidade como a divulgou em eventos científicos e populares
Foto: Three Lions / Getty Images

Quando você telefonar para alguém neste fim de ano, entoando os tradicionais Feliz Natal e Próspero Ano-Novo, estará rendendo uma tácita homenagem a pelo menos três senhores do final do século 19: o escocês Alexander Graham Bell (1847-1922), o norte-americano Elisha Gray (1835-1901) e o italiano Antonio Meucci (1808-1889). Mas por que, desses três grandes inventores, Graham Bell é de longe o mais consagrado?

Se no Brasil, por exemplo, não há logradouro batizado de Elisha Gray ou Antonio Meucci, mas há ruas, avenidas, praças, edifícios e colégios (sempre no plural) com o nome do escocês, isso se deve a um sistema consolidado há mais de cem anos nos Estados Unidos: as patentes.

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Bell sabia que, na segunda metade do século 19, vários cientistas estavam trabalhando em um dispositivo semelhante ao seu: uma espécie de telégrafo falante, que transmitiria sons com ajuda da eletricidade. Embora tivesse perfil mais acadêmico (foi responsável por inúmeras pesquisas ligadas à surdez e projetos educacionais nessa área), avaliou que havia urgência em registrar seu invento assim que obtivesse sucesso.

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O escocês registrou seu invento em 14 de fevereiro de 1876, no mesmo dia que outro inventor, o norte-americano Elisha Gray. Bell, no entanto, chegou mais cedo e virou o pai do telefone
Foto: Rischgitz/Stringer / Getty Images

Gray e Meucci também consideravam a patente importante, mas faltou agilidade ao primeiro e dinheiro ao segundo. Meucci desenvolveu um sistema de comunicação à distância alguns anos antes de Bell. Chegou a registrar um protótipo de telefone em 1871, mas, com pouca saúde e poucos recursos, não renovou o documento. Uma resolução (http://thomas.loc.gov/cgi-bin/query/D?c107:2:./temp/~c107TA8DdD::) aprovada pelo Congresso norte-americano em 2002 afirma que “o trabalho [de Meucci] na invenção do telefone tem de ser reconhecido”, o que foi interpretado por alguns como reconhecimento de que o italiano é que é o pai do telefone.

Morando desde 1871 nos Estados Unidos, Bell, filho de um importante estudioso de problemas auditivos e neto de um professor de locução, registrou a patente pouco depois de conseguir se comunicar com seu assistente, que estava numa sala distante. O livro “Historical First Patents”, de Travis Brown, conta que a papelada do escocês foi a quinta a dar entrada no Escritório de Patentes dos EUA em 14 de fevereiro de 1876. Gray fez o mesmo no mesmo dia, mas algumas horas mais tarde: seu pedido foi o 39º a ingressar naquela data. A resolução do Congresso norte-americano não revogou a patente do escocês.

O senso de oportunidade de Bell, porém, não se resumiu a documentar seu invento. Ele também o promoveu. Criou uma empresa para lidar com o achado, a Bell Telephone Company, embora seus sócios (entre eles o sogro e o assistente que ouviu sua primeira chamada telefônica) é que de fato tocassem o negócio. Mostrou a invenção na Exposição Universal da Filadélfia, em 1876, e em outros eventos públicos.

Um dos visitantes da exposição da Filadélfia que mais se entusiasmaram com a novidade foi D. Pedro 2º. O imperador brasileiro teria dito a frase que daria grande estímulo para Graham Bell prosseguir seu trabalho: “Grande Deus, isso fala!”.

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Fonte: PrimaPagina
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