Ela nasceu espremida em uma pequena garagem, criou problemas com a vizinhança por excesso de barulho e incorpora conceitos pouco simpáticos ao capitalismo. Se você pensa que esta é a descrição de uma banda de rock independente, errou. Trata-se da Fatiado Discos, loja paulistana que vende vinis, cervejas e hambúrgueres artesanais em um espaço bastante alternativo.
Como uma pequena empresa pode atrair e reter talentos?
Alan Feres, um dos sócios da empresa, explica que a paixão por vinis começou com as viagens que faz com a banda Rock Rocket, da qual é baterista. “Sempre fiquei atento a oportunidades, e quando encontrava discos a preços mais baixos comprava para trocar ou vender em São Paulo”, diz.
Inicialmente, ele vendia os vinis em uma barraquinha que a banda montava antes dos shows. Com o tempo, ele passou a organizar o Clube do Vinil SP, uma feira sobre o tema. “Foi um evento que durou três anos. Depois disso, conversei com um amigo que também era colecionador, juntamos uma grana para comprar algumas coleções de gente que estava se desfazendo de seus LPs, e montamos a Fatiado Discos.”
A loja nasceu no início de 2013, em uma garagem na Rua Havaí, uma via tranquila e pouco movimentada do bairro do Sumaré. E Alan explica os motivos da escolha de um ponto comercial pouco convencional. “Esta é a região onde eu moro. É um bairro que conta com muitos músicos e faltam opções para quem quer se divertir no final da tarde. Por isso, desde o começo optamos por vender cervejas artesanais no lugar”, revela.
Com a falta de espaço no estabelecimento, as pessoas pegavam a cerveja na geladeira e iam se acumulando na rua para conversar, o que acabou gerando reclamações dos vizinhos. Para minimizar o problema, a loja acabou se mudando para a Avenida Professor Alfonso Bovero, principal via do bairro. “Desde que fizemos esta opção, nosso movimento aumentou quase dez vezes. Também ganhamos um espaço no fundo para fazer os eventos, passamos a vender chopes artesanais e recebemos uma equipe que faz hambúrgueres diariamente”, afirma.
O desafio do alternativo
Por um lado, o fato de oferecer tantas opções em um mesmo espaço vai de encontro à ideia de criar um negócio alternativo e ajuda a trazer clientes para viabilizá-lo. O público frequentador vai desde integrantes de bandas como Dead Fish, CPM 22 e Restos de Nada, até curiosos que se interessam pelo som quando passam em frente, amigos, familiares e gente que chega com o cachorro ou com um bebê de colo. “Uma pessoa vem pela cerveja e acaba comprando um disco. Outra vem pelo som, mas acaba comendo o hambúrguer. Uma coisa impulsiona a outra”, conta.
Porém, a opção de favorecer os pequenos fornecedores e seus produtos traz alguns desafios do ponto de vista empresarial. “Tentamos buscar um preço justo para o consumidor, pagar bem quem trabalha aqui, e o mais difícil é conseguir fechar as contas no final do mês. Somos obrigados a fazer concessões. Por exemplo, se pudesse, eu não venderia cervejas de grandes marcas. Mas se for assim, acabamos elitizando demais, o que também não é nosso objetivo.”
A Fatiado Discos funciona de terça a domingo, das 13h às 22h. Já os eventos acontecem de terça a sexta, das 18h às 22h, e aos sábados e domingos, das 13h às 22h.