Ao contrário do que se pensa, as ações sociais não estão restritas às grandes corporações, capazes de criar fundações milionárias ou mobilizar um exército de voluntários entre seus trabalhadores. As micro e pequenas empresas também podem fazer aquilo que se chama de investimento social privado (ISP), melhorando as condições da região em que atua ao mesmo tempo em que cria um ambiente de negócios propício a seu crescimento.
“Ao trabalhar pela melhora da comunidade em que está inserido, o empresário pode, indiretamente, criar um clima bom para os negócios, diminuir alguns riscos, como os de saúde ou de sofrer violência, ao mesmo tempo em que estimula o orgulho de seus funcionários, levando, até mesmo, a uma mídia espontânea”, diz Heiko Hosomi Spitzeck, coordenador e professor do núcleo de sustentabilidade da Fundação Dom Cabral.
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Além disso, os consumidores estão demandando mais comprometimento dos empresários. “Uma pesquisa mostrou que as sociedades têm grandes expectativas de que empresas assumam compromissos sociais e ambientais, e isso influencia decisões de compra e posicionamento de marca”, afirma Cláudio Tieghi, diretor de sustentabilidade da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O que fazer
Uma empresa que está começando naturalmente terá mais dificuldade para desenvolver ações que realmente mudem a realidade da comunidade em que está inserida. Como ressalta Spitzeck, “há uma tendência normal de que os micros e pequenos empresários não consigam, de início, fazer outra coisa a não ser aperfeiçoar seus modelos de negócios”, o que parece tornar impossível o investimento social privado para quem não tem tamanho. No entanto, há, sim, muitas coisas a serem feitas pelo bem da sociedade.
“O ISP não necessariamente significa dar dinheiro, pois também se pode oferecer outras formas de ação, como programas de voluntariado na pequena empresa”, afirma Tieghi. “Envolver os funcionários em atividades voluntárias é um bom começo, pois ajuda a capacitá-los, ao mesmo tempo em que lhes dá um outro olhar sobre a comunidade”, acrescenta Spitzeck.
Outra possibilidade é desenvolver iniciativas conjuntas com outros pequenos negócios, pois é claro que o potencial de doação das micro e pequenas empresas é muito reduzido, ao contrário do que acontece nas grandes corporações. “Doar pequenas quantias leva a um impacto social mínimo. O ideal, portanto, é pensar em trabalhar junto com outros por uma causa maior, conseguindo impactos maiores, menos pulverizados”, diz Spitzeck.
Neste sentido, Tieghi destaca mais uma das consequências do investimento social privado: a articulação com vários dos atores de uma região, como outras empresas, consumidores e pessoas carentes. “Não precisa esperar crescer para fazer uma ação social, até porque assim a empresa começa a ser apropriada pela sociedade, que percebe que o empresário faz bem à região”, finaliza o diretor de sustentabilidade da ABF.