A escolaridade dos donos de negócios no Brasil aumentou significativamente entre 2003 e 2013, segundo um levantamento feito pelo Sebrae com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Empreendedorismo e franchising na contramão da crise
Segundo o estudo "Os donos de negócio no Brasil: análise por faixa de escolaridade (2003-2013)", publicado em agosto deste ano pelo Sebrae, o número de empresas cujos donos têm alta escolaridade (ao menos ensino superior incompleto) cresceu 59% no período analisado. Entre os negócios cujos donos têm média escolaridade (ensino fundamental completo até ensino médio completo), o aumento foi de 48%. Na direção contrária, caiu 18% o número de pessoas com baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto) donas de empresas.
Dessa forma, os negócios cujos donos têm alta escolaridade saíram de 10% do total em 2003 para 15% em 2013. Os que têm proprietários com média escolaridade passaram de 30% para 41%, e os referentes a uma baixa escolaridade caíram de 59% para 41%.
"O ritmo de crescimento da escolaridade média do empreendedor acompanhou de perto a média da população adulta brasileira. No entanto, quando tomamos especificamente o grupo de empreendedores de alta escolaridade, a expansão foi bem mais elevada, em termos de taxa de expansão, em função da base de comparação desse segmento ter sido muito baixa dez anos atrás", explica Marco Aurélio Bedê, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional.
O investimento pessoal em educação dos empreendedores de baixa escolaridade também ajuda a explicar essa mudança. "Nos últimos dez anos, 2,3 milhões de empreendedores pertencentes a essa categoria de escolaridade conseguiram chegar no nível médio completo ou próximo disso, passando para a categoria de média escolaridade", completa.
Marco Aurélio constata ainda movimento semelhante no caso daqueles com alta escolaridade. "Parte adveio do grupo de empreendedores de média escolaridade, que optou por ampliar seu nível de escolaridade durante esse período".
Empreendedores com um nível de escolaridade maior também significam empresas mais fortes. "Quanto maior a escolaridade dos empreendedores, maior é a chance de sobrevivência dos negócios. Os empreendedores de alta escolaridade tendem a iniciar sua empresa mais por oportunidade do que por necessidade; tendem a planejar mais e melhor o seu negócio; e conhecem melhor os instrumentos de gestão, tais como cálculo e controle dos custos", ressalta Marco Aurélio.
Concentração regional
A pesquisa também mostra uma sensível diferença na distribuição regional de cada perfil de empresa. O Nordeste tem a maior concentração de donos de negócio com baixa escolaridade, com 36% do total desse perfil. Já o Sudeste tem o maior número de empresários com alta escolaridade (54%) – a região também é a que tem maior presença na faixa de média escolaridade (42%).
A concentração, por fim, é ainda mais forte quando se tomam como base as unidades federativas, pois apenas três estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) concentram mais da metade dos negócios cujos donos têm alta escolaridade, com 53% do total desse perfil, apesar de responderem por apenas 37% do total de empresas do país.