Quem come em uma das mais de 100 lojas da Patroni Pizza espalhadas por praças de alimentação de shoppings de 21 estados brasileiros não imagina que a maior franquia de pizzarias do Brasil nasceu da nescessidade de um filho tirar seu pai da depressão. Em 1984, o economista Rubens Augusto Júnior trabalhava na diretoria financeira da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) quando soube que o pai havia sido demitido da fábrica de móveis onde trabalhava. Com mais de 50 anos, o veterano trabalhador não conseguia achar emprego em uma São Paulo assolada pela crise econômica e acabou entrando em depressão e tendo um infarto. Rubens decidiu, então, abrir uma pizzaria para dar uma ocupação ao pai.
“Os médicos disseram que ele estava com uma depressão muito forte pela falta de atividade e se a gente não arrumasse uma nova atividade para ele, poderia ter um novo infarto e até morrer. A única alternativa que eu encontrei para resolver o problema do meu pai foi montar um negócio próprio para que ele pudesse voltar a ter uma atividade. Convidei dois cunhados meus para serem sócios e meu pai trabalharia lá, tocando o negócio”, conta Rubens. Assim nasceu a Patroni Pizza.
A pizzaria foi instalada em um sobrado no bairro do Paraíso, em São Paulo e começou a fazer entregas em domicílio, o que ainda não era muito comum no Brasil na época. Como todo pequeno empresário, Rubens enfrentou enormes dificuldades. “Quem tocava a pizzaria era meu pai, meus cunhados e eu, mas eu continuei no meu emprego. Eu saía da Cesp às seis horas da tarde e ficava até uma hora da manhã com a barriga no balcão. Sábado, domingo, feriado, dia de semana. Eram 17 horas de trabalho por dia”, conta o empresário.
Além da rotina puxada, Rubens teve que encarar vários desafios para fazer o negócio crescer. Inicialmente, as entregas eram feitas a pé ou de bicicleta, mas algum tempo depois de abrir a pizzaria, o empresário decidiu comprar uma mobilete para aumentar seu raio de atendimento. “Eu fui no banco, pedi empréstimo e comprei uma mobilete novinha, amarelinha, linda. Aí, no primeiro dia de entrega, roubaram a mobilete. No dia seguinte veio um moleque e disse ‘Sr. Rubens, eu sei onde está a mobilete. Está em uma favela em Diadema’. Fui para lá. Parei na porta da favela e vi os moleques andando com a minha mobilete. Não tive dúvida. Entrei na favela, roubei a mobilete do ladrão e saí correndo com ela. Eu não tinha alternativa. Eu estava com a corda no pescoço, não tinha dinheiro para pagar o banco”, conta Rubens.
O investimento valeu a pena e, com o dinheiro extra que passou a ganhar, Rubens abriu a segunda unidade da Patroni Pizza, no bairro do Planalto Paulista, em 1988. Era o começo da expansão da rede. Em 1992 surgiu a terceira unidade, no bairro do Itaim Bibi e, em 1997, Rubens foi convidado a abrir a primeira loja da Patroni Pizza em um shopping center, na praça de alimentação do ABC Plaza Shopping (atual Grand Plaza), em Santo André.
Quando tudo parecia evoluir de vento em popa, Rubens se viu diante de uma nova tragédia familiar. Em um intervalo de menos de dois meses, o empresário perdeu o pai e o sócio. Seu cunhado morreu em 8 de junho, e seu pai, em 1o de agosto de 1997. “Nessa época eu ainda estava na Cesp. Aí eu tive que decidir: ou continuava minha carreira na empresa ou saía para cuidar da expansão da Patroni”, lembra Rubens.
Ele optou por largar o emprego e investir pesado no negócio próprio. Começou a abrir uma loja atrás da outra em praças de alimentação de shoppings e em 2003 a Patroni Pizza já contava com nove unidades. Foi então que Rubens decidiu transformar sua marca em franquia, dando início à expansão da rede por todo o país.
A primeira loja fora do estado de São Paulo foi aberta no Rio de Janeiro, em 2005, e na sequência pipocaram unidades em Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Maranhão, Piauí, Pará e Rondônia. Hoje a Patroni possui 134 lojas em operação e outras 46 em construção ou já negociadas. Segundo Rubens, 99% delas estão em praças de alimentação de shoppings. Para garantir a qualidade dos produtos, a maior parte dos ingredientes é preparada em uma cozinha central em São Paulo e enviada para as lojas espalhadas por todo o Brasil. Por isso, a pizza da Patroni é um verdadeiro “produto de exportação” paulistano para o resto do país.
Com tudo isso, a Patroni não para de crescer, e Rubens espera chegar a 2018 com 500 lojas. “Além disso, nós temos planos de abrir lojas no exterior. Já temos alguns convites nos Estados Unidos”, conta o empresário. Um feito e tanto para um negócio modesto que surgiu para tirar um operário da depressão.