Uma iniciativa promete colocar os frequentadores de restaurantes de todo o país em contato com um produto ainda exótico para os consumidores: o vinho brasileiro de pequenos produtores. Segundo Carlos Paviani, diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), “cerca de 90% das vinícolas brasileiras são micro ou pequenos negócios, e vamos fazer um trabalho de sensibilização para apresentar sua produção para cerca de mil restaurantes do país”.
A campanha é uma parceria do Ibravin com o Sebrae Nacional e conta com o apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Na verdade, trata-se da segunda fase de um projeto que começou em 2009, quando o Sebrae iniciou um trabalho junto aos pequenos produtores de vinho do país. “Começamos a olhar as vinícolas como negócio, e tivemos reclamações quanto à qualidade, então o primeiro momento foi qualificar a produção”, conta Enio Queijada, gerente da unidade de agronegócios do Sebrae Nacional.
Inicialmente, o Sebrae Nacional, o Ibravin e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram um trabalho para melhorar a produção de uvas em geral no país, o que contribuiu para aumentar a qualidade dos vinhos fabricados pelos pequenos produtores. Com isso, o Sebrae passou a acompanhar todo a cadeia produtiva das pequenas vinícolas, ajudando a qualificá-la. “Agora, na cadeia produtiva, olhamos o caminho da vinícola até o consumidor”, afirma Queijada.
Uma vez qualificada a produção, a parceria do Sebrae Nacional e do Ibravin entra agora em uma nova etapa: divulgar a produção das pequenas vinícolas para restaurantes de todo o país. “A base da iniciativa serão cartilhas sobre as empresas, a relação das vinícolas, novas áreas de produção, tipos de uva e harmonização”, afirma Paviani. Além disso, Queijada diz que também serão realizados eventos de degustação, quase “minicursos de sommelier”, para apresentar os produtos a representantes dos estabelecimentos.
O foco principal da campanha, segundo Queijada, serão os produtos de maior qualidade, cujo consumo aumentou nos últimos anos, mas que sofrem principalmente com a concorrência dos vinhos importados. “Ocorreu uma qualificação do consumidor, que hoje já busca vinhos mais finos”, afirma Paviani.
“A abordagem do cliente é muito importante, aumenta em até 50% a venda do produto segundo um teste que nós realizamos”, acrescenta Queijada. E, como diz o representante do Sebrae, o garçom só faz a oferta se tiver segurança em relação ao que está oferecendo.
Pequenos produtores do Brasil inteiro poderão participar da iniciativa que, num primeiro momento, vai focar em estabelecimentos das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo e que fazem parte da Abrasel. No entanto, o projeto vai continuar mesmo depois da competição. “A parceria será por 24 meses, prorrogáveis por mais dois anos”, diz Queijada. A meta é aumentar em 15% o consumo das bebidas dos pequenos produtores, que não têm o mesmo acesso ao mercado que as grandes marcas nacionais.