Quanto menor a indústria, maior o investimento em inovação

Micro e pequenas empresas industriais brasileiras aplicam maior parcela do faturamento em atualização de produtos e processos, segundo Ipea

3 jun 2014 - 08h01
As micro e pequenas indústrias investem 3,6% de sua receita líquida em inovação, contra 2,4% das médias e grandes
As micro e pequenas indústrias investem 3,6% de sua receita líquida em inovação, contra 2,4% das médias e grandes
Foto: Alexander Raths

Embora as grandes indústrias se destaquem na área de tecnologia de ponta, as menores também têm papel relevante. As micro e pequenas empresas industriais investem uma parcela proporcionalmente maior de recursos em itens e processos inovativos: 3,6% de sua receita líquida, contra 2,4% das médias e grandes, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito com base em dados do IBGE.

As de maior porte respondem pela maioria dos valores destinados a inovação (66,4%), sobretudo em pesquisa e desenvolvimento (88,3%). No entanto, “proporcionalmente, o esforço tecnológico realizado pelas empresas de pequeno porte é, segundo diversos critérios, mais significativo”, escrevem Graziela Ferrero Zucoloto e Mauro Oddo Nogueira, ambos técnicos de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea.

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Para dividir as empresas de acordo com o tamanho, os autores usam a classificação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): micro (até 19 funcionários), pequena (20 a 99), média (100 a 499) e grande (500 ou mais). Para fazer as tabulações, recorrem à Pesquisa de Inovação Tecnológica, divulgada em 2010 pelo IBGE. São as micro, sublinham, que fazem maior “esforço”: aplicam 4,9% de sua receita em inovação.

Os aportes das micro e pequenas são mais significativos na compra de softwares, máquinas e equipamentos (2,48% da receita líquida, contra 1,08% nas médias e grandes empresas). Esse tipo de aquisição visa mudar o processo produtivo, “com o objetivo primordial de elevar a produtividade da empresa, aproximando-a do estado da técnica”, afirmam os autores no artigo, intitulado “Davi x Golias: uma análise do perfil inovador das empresas de pequeno porte”, um dos estudos apresentados em abril do ano passado na 25ª edição da Radar, publicação periódica do Ipea.

Em pesquisa e desenvolvimento, a porcentagem é menor (0,28%), mas ainda assim as micro se destacam: investem 0,40% das receita nessa área, patamar só inferior ao das grandes (0,80%). Esse tipo de atividade é caracterizada por “aprimoramento ou geração de novos produtos”.

Para os pesquisadores, os resultados deixam claro que as estratégias nacionais de estímulo a inovação precisam incluir players de menor porte. “Admitindo-se a hipótese de que a difusão tecnológica pressupõe a existência de ‘ecossistema’ capaz de absorver estas novas tecnologias, o estímulo à integração das empresas de menor porte às cadeias de inovação torna-se imprescindível”, apontam.

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As políticas dessa área deveriam levar em conta, segundo os autores, o tamanho e as características das indústrias – elas inovam de maneira diversa e têm necessidades diferentes. Para as micro e pequenas, “seria necessário que se desenvolvessem instrumentos específicos – e simplificados –, de modo a facilitar seu acesso.”

Fonte: PrimaPagina
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