As estratégias mais prováveis para um eventual rodízio de abastecimento hídrico na Grande São Paulo (quatro dias sem água e dois com, ou cinco dias sem água e dois com) seriam “terríveis” para bares e restaurantes, de acordo com o presidente da Abrasel-SP, regional paulista da associação brasileira do setor.
“A grande maioria dos restaurantes não tem condição de ficar nem três dias sem água, muito menos cinco”, diz Percival Maricato em entrevista ao canal Empreendedorismo, do Terra. “Estamos sofrendo com a dificuldade de o governo assumir o racionamento para superar esta situação. Esta decisão já deveria ter sido tomada lá atrás”, critica.
Se o racionamento de cinco dias for instituído, os danos ao setor seriam catastróficos, segundo ele. “Muitas casas quebrariam, teria desemprego e faltaria oferta de almoço e jantar para trabalhadores de outros setores. É muito difícil equilibrar as contas em uma pequena empresa, ela não pode ficar sem funcionar por alguns dias.”
Bares e restaurantes têm adotado medidas para driblar a falta de água durante algumas horas do dia: compra de caixas d’água para aumentar a estocagem, aluguel de carros-pipas, lavagem de pisos e paredes com água de reúso, captação de água da chuva, uso de copos e pratos descartáveis e adaptação do cardápio para privilegiar itens que demandem menos água no preparo.
Mesmo assim, grande parte dos estabelecimentos não tem capacidade para armazenar recurso suficiente para funcionar por quatro ou cinco dias sem abastecimento. “O problema é que existe um limite de economia. Este é um setor que consome muita água, pois ela é imprescindível por questão de higiene”, argumenta Maricato.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos bares e restaurantes é que às vezes há redução ou corte de água também fora dos períodos informados pela Companhia de Saneamento Básica do Estado de São Paulo (Sabesp). “Assim, fica impossível se planejar”.