A Lordstown Motors, startup queridinha de Donald Trump que fabrica veículos elétricos, entrou com um pedido de proteção contra falência da lei norte-americana, conhecido no Brasil como pedido de recuperação judicial. Em paralelo, a companhia se colocou à venda e está processando um atual investidor, a Foxconn.
Calma, vamos por partes. A tailandesa Foxconn, também conhecida como Hon Hai Precision Industry, é um grande grupo que fabrica computadores e componentes eletrônicos para líderes globais de tecnologia. A empresa é conhecida por ser uma das principais - se não a maior - fornecedoras da Apple para a montagem dos iPhones.
A Foxconn investiu US$ 53 milhões e hoje detém cerca de 8,4% da Lordstown. No entanto, a startup acusou a companhiade conduta fraudulenta, alegando que a empresa teria quebrado uma série de promessas relacionadas ao investimento. No acordo, a Foxconn deveria investir até US$ 170 milhões na startup, mas estaria hesitando em comprar ações adicionais, conforme prometido.
Por não conseguirem resolver o conflito, a Lordstown resolveu buscar uma ação legal contra a gigante tailandesa. Em contrapartida, a Foxconn alega que Lordstown violou o acordo de investimento quando as ações da montadora caíram abaixo de US$ 1 por ação.
Um pouco de contexto
A sede da Lordstown, em Ohio, era anteriormente uma fábrica de carros pequenos da GM (General Motors) que foi fechada em 2018 - uma ação descrita como "chute no estômago" para os trabalhadores locais. Na ocasião, Donald Trump e líderes políticos da região pressionaram a GM a reverter a decisão ou encontrar um comprador. A GM, então, decidiu vender a instalação para a recém-criada Lordstown Motors, que se comprometeu a fabricar 100 mil carros por ano. O ex-presidente dos Estados Unidos elogiou a startup e disse que a região estava crescendo com os negócios.
Em 2020, a Lordstown abriu o capital, mas desde então tem lutado para corresponder às expectativas dos investidores. O fundador e então presidente-executivo, Stephen Burns, renunciou em 2021 após a montadora admitir ter exagerado nas encomendas de seus caminhões elétricos. No ano passado, a Lordstown vendeu a instalação para a Foxconn.
No início de 2023, a Lordstown interrompeu a produção de seu principal produto - a picape elétrica Endurance. Desde abril, retomou a produção em ritmo lento, após resolver alguns problemas de qualidade com os fornecedores. "Caso a startup não encontre uma forma de reiniciar a produção total do Endurance, a fábrica de Ohio pode ser um atrativo para as montadoras estrangeiras que procuram uma maneira rápida de construir veículos nos Estados Unidos", analisa o jornal The Guardian.
A Lordstown entrou com um pedido de recuperação judicial como parte de uma reestruturação interna para proteger os ativos diante do embate com a Foxconn. Segundo o The Guardian, a startup teria planos de encontrar um comprador, embora ainda não tenha uma oferta inicial em mãos.
"O CEO da Lordstown, Edward Hightower, disse à Reuters que o Endurance pode ser atraente para outra montadora que busca uma entrada rápida no mercado de veículos elétricos em um momento em que as políticas do governo Biden estão tentando se afastar dos carros movidos a gasolina", explica o jornal.