O norte-americano Thomas Alva Edison é um daqueles raros exemplos de personagem que conseguiu se destacar igualmente em dois campos diferentes. Um dos maiores inventores de todos os tempos, soube transformar cada uma de suas descobertas em negócios lucrativos, o que faz dele, até hoje um modelo de cientista empreendedor – uma espécie de Steve Jobs do século 19.
Criador da lâmpada, da filmadora e do fonógrafo – primeiro aparelho capaz de gravar e reproduzir sons –, Edison fundou uma série de empresas para fazer dinheiro com suas invenções, atuando em vários ramos, como os de fonógrafos, cinema, telégrafos, telefones, mineração, cimento, baterias automotivas e energia elétrica. Uma de suas companhias, aliás, existe até hoje. Trata-se da General Electric, que lucrou mais de US$ 24 bilhões em 2013.
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Edison nasceu em 1847 na cidade de Milan (Ohio), nos Estados Unidos. Caçula de sete filhos, desde cedo sofreu com problemas de audição e frequentou a escola por apenas três meses. Como era um aluno muito disperso, sua professora o chamou de lerdo. O episódio enfureceu sua mãe, que o tirou da instituição e passou a lhe dar aulas em casa.
Aos 12 anos, ele e sua família se mudaram para o estado de Michigan, e Edison passou a vender doces, jornais e verduras nos trens. Nas horas vagas, gostava de fazer experiências químicas no vagão de bagagens. Além do interesse pela ciência, nessa época começou a demonstrar seus dotes de empreendedor, publicando e comercializando seu próprio jornal, o “Grand Trunk Herald”.
A história do jovem começou a mudar em 1862, quando ele salvou um garoto de três anos de ser atropelado por um trem desgovernado. Como forma de agradecimento, o pai da criança, que era funcionário da estação, decidiu treinar Edison como operador de telégrafo. A nova atividade lhe proporcionou os primeiros contatos com componentes elétricos, área que ele viria a revolucionar anos mais tarde.
Depois de trabalhar por um tempo na empresa de telégrafos Western Union, ele resolveu se dedicar à carreira de inventor. Sua primeira patente registrada foi um gravador elétrico de votos, que deveria facilitar o registro das decisões do Congresso. Na prática, porém, foi um grande fracasso.
O Mago de Menlo Park
Apesar disso, Edison não desistiu, e em 1874 criou um novo modelo de telégrafo, vendendo seus direitos para a Western Union por US$ 10 mil (o equivalente a mais de US$ 200 mil nos dias de hoje). A invenção foi seu primeiro sucesso comercial, e lhe deu capital para iniciar um ousado empreendimento. Na época, Edison havia se estabelecido na cidade de Menlo Park, no estado de Nova Jersey, e ali fundou o primeiro laboratório da história especializado em pesquisa industrial e inovações tecnológicas.
Edison recrutou alguns dos mais brilhantes inventores e pesquisadores do seu tempo para trabalharem sob sua supervisão no local. De lá, saíram tantas coisas fantásticas para a época que seu criador passou a ser chamado de “o mago de Menlo Park”.
Um dos inventos mais revolucionários surgiu enquanto ele pesquisava maneiras de aperfeiçoar o telefone, inventado por Graham Bell. Acidentalmente, Edison descobriu uma maneira de registrar sua própria voz. A partir disso, ele criou o fonógrafo, o primeiro aparelho da história capaz de gravar e reproduzir sons. O aparelho foi tão revolucionário que transformou Edison rapidamente em uma celebridade.
No ano seguinte, ele criou a lâmpada. Porém, ao invés de se contentar com a invenção, ele soube explorar muito bem suas potencialidades, transformando-a em um elemento-chave para que as indústrias e a sociedade passassem da era do carvão para a era da eletricidade.
Após criar a Edison Eletric Light Company, ele fez a primeira demonstração pública da lâmpada incandescente e afirmou: “Nós vamos fazer a eletricidade ser tão barata que somente os ricos irão acender velas”. Na sequência, trabalhou por cinco anos para aperfeiçoar e instalar o sistema elétrico ao redor do mundo.
Diversificando os negócios
Em 1880, o inventor patenteou o sistema de distribuição elétrica e criou uma companhia para construir estações de geração de energia. A primeira delas entrou em operação em 1882, fornecendo 110 volts de corrente contínua a 59 moradores da ilha de Manhattan, em Nova York. Em pouco tempo, sua invenção se disseminou pela Europa, e Edison criou companhias em muitos desses países para explorar comercialmente a novidade.
Para se ter uma ideia, em 1887 já havia 121 usinas de Edison apenas nos Estados Unidos. Três anos depois, ele resolveu integrar todas elas em uma única companhia. Nascia assim a General Electric, que segue até hoje como uma das principais empresas do mundo.
Neste mesmo ano, ele inaugurou um novo laboratório de pesquisa em West Orange, onde criou a filmadora, que permitiu sua entrada no mercado cinematográfico. Fundada em 1892, a Edison Studios produziu mais de 1,2 mil filmes até seu fechamento, em 1918.
Em West Orange, ele ainda desenvolveu um método de separação eletromagnética de minérios de ferro e ouro. Para explorar a novidade, ele abriu uma fábrica para processar minerais, mas o negócio acabou fracassando. Apesar disso, ele adaptou parte do maquinário para trabalhar com cimento, e o forno que ele desenvolveu para esta finalidade se tornou um modelo para o setor. Para completar, a invenção da bateria de níquel-ferro permitiu sua entrada no mercado automotivo, fornecendo a peça para montadoras e desenvolvendo protótipos de carros elétricos.
No final da vida, Thomas Edison possuía nada menos do que 1.093 patentes registradas apenas nos Estados Unidos, um recorde. Porém, ao contrário de boa parte de seus contemporâneos, cujas invenções não renderam fama e fortuna em vida, a capacidade de Thomas Edison em explorar comercialmente suas ideias e transformá-las em mercadorias de grande apelo popular fizeram dele um dos grandes empreendedores de seu tempo.