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Moratória para soja no Cerrado restringe acesso de produtores a mercados, diz Cargill

17 dez 2020 - 21h18

A eventual imposição de uma moratória para a soja no Cerrado, aos moldes do que ocorre na Amazônia, pode restringir o acesso de parte dos produtores rurais a mercados internacionais mais exigentes, disse nesta quinta-feira o presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa.

Logo da Cargill fotografado em Lucens, Suíça 
22/09/2016
REUTERS/Denis Balibouse
Logo da Cargill fotografado em Lucens, Suíça 22/09/2016 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

Isso porque, segundo ele, alguns agricultores de maior porte conseguiriam comprovar ao mercado a adequação às condições da moratória, mas grande parte dos produtores encontraria dificuldades.

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"Um produtor vai ser aceito e ter acesso a mercados, e outros vão ser excluídos", afirmou Sousa durante evento online promovido pelo instituto educacional Insper.

Para ele, este seria o pior cenário. "O sistema exportador de soja no Brasil não foi feito pra isso", acrescentou, sobre a possibilidade de desigualdade entre agricultores.

Nesta semana, um grupo de empresas internacionais pediu por meio de uma carta que grandes tradings de commodities deixem de comprar soja associada ao desmatamento do bioma.

A carta ainda sugeria definir 2020 como uma data limite para a proibição de novos desmatamentos e conversões de terras para áreas de soja no Cerrado, algo que Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) considerou inviável.

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Em linha com o posicionamento do CEO da Cargill, o presidente da Abiove, André Nassar, disse à Reuters na terça-feira que "impor uma data limite significaria excluir produtores mesmo quando eles ampliam as áreas legalmente".

A legislação brasileira permite que os proprietários de terras desmatem até 80% da vegetação nativa no Cerrado.

Sousa destacou também que muitas discussões sobre a sustentabilidade da soja acontecem fora do Brasil, com a participação de pessoas que "as vezes não conhecem a realidade da soja brasileira".

Ele citou, por exemplo, as queimadas no Centro-Oeste que acontecem anualmente e por vezes não estão associadas à produção rural.

Para esclarecer estes temas, Sousa acredita que o primeiro passo é "trazer estas discussões de volta para o Brasil", com a participação do setor produtivo, companhias, consumidores e "as empresas que são vocais na Europa, que sejam aqui também", disse, sobre os críticos.

"Esse é o primeiro passo para acabar com a polarização, onde cada um fica xingando em um canto", acrescentou.

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(Com reportagem adicional de Ana Mano)

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