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Mulheres negras na liderança de empresas: o que elas dizem

Novembro é o Mês da Consciência Negra. Veja essa realidade sob a ótica da mulher negra

10 nov 2022 - 10h19
(atualizado às 18h05)
Mulheres negras na liderança de empresas: o que elas dizem
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Novembro é um marco na luta contra o preconceito e na busca pela igualdade racial no Brasil. No dia 20 é celebrado o Dia da Consciência Negra, enquanto um dia antes é o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, outro marco na agenda de diversidade do país. Juntas, essas datas trazem à discussão o papel das mulheres negras no mundo do empreendedorismo.

De acordo com os dados do relatório Diversidade, Representatividade e Percepção ― Censo Multissetorial 2022 da Gestão Kairós, 32% do Quadro Funcional das empresas são mulheres e 33% são negros (pretos e pardos), entretanto, no recorte mulheres negras, o percentual cai para 8,9%.

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“Esses dados mostram uma grande sub-representação de mulheres negras dentro das estruturas. Já na liderança – nível gerente acima - esse afunilamento fica ainda mais evidente com apenas 3% de mulheres negras, o que é aproximadamente 32 vezes menor que o número de mulheres brancas (95%). Ainda, o percentual de mulheres pardas é o dobro de mulheres pretas”, explica Liliane Rocha, CEO e fundadora da Gestão Kairós, consultoria de Sustentabilidade e Diversidade.

A lacuna de oportunidades para as mulheres negras

O relatório do Sebrae sobre empreendedorismo negro de 2019 aponta que, no Brasil, 9,6 milhões de mulheres estão à frente de um negócio, sendo que as mulheres negras representam metade desse número, ou seja, cerca de 4,7 milhões. 

“As mulheres negras são uma potência no empreendedorismo, porém, muitas enfrentam mais dificuldades do que outras empreendedoras como o acesso ao crédito para investirem no crescimento de suas empresas”, diz Liliane Rocha.

Segundo a 13ª Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 76% das empreendedoras negras tiverem perda de faturamento. 

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“Isso se explica porque grande parte dos negócios de mulheres negras necessita de atuação presencial, então durante o auge da pandemia com a necessidade de isolamento social, muitas não conseguiram trabalhar remotamente”, explica Liliane Rocha.

Empresas avançam na agenda da inclusão racial 

Apesar de tantas dificuldades, algumas empresas apresentam resultados comprovados do avanço do trabalho com foco em aumentar a presença da mulher negra nas empresas.

Camila Oliveira é um exemplo da eficiência de projetos de diversidade nas empresas. Promovida neste ano, ela é responsável por gerenciar a administração de mais de 40 unidades do Tenda Atacado. Atualmente, por meio do Tenda Inclui, programa de diversidade da empresa, e do planejamento elaborado pela Gestão Kairós, a empresa que conta com 36% de líderes negros tem a meta de atingir 56% de líderes negros até 2027. 

“Eu me sinto muito orgulhosa por ser a primeira gerente mulher preta no Tenda, e espero cada vez mais, contribuir para a empresa de maneira positiva”, celebra Camila Oliveira, gerente administrativa do Tenda Atacado.

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Esquerda para direita: Liliane Rocha, Camila Oliveira e Isabela Pina
Esquerda para direita: Liliane Rocha, Camila Oliveira e Isabela Pina
Foto: Nicola Labate / Divulgação / Arquivo Pessoal

Já na Symrise, em 2019 foi iniciado, também em parceria com a Gestão Kairós, o Programa DiverSym com a gestão dos KPIs e metas a serem alcançadas para aumentar a diversidade e inclusão no quadro funcional e na liderança. Desde o lançamento do programa, a participação de mulheres negras na empresa praticamente dobrou, saindo de 11% em 2020 para 20% neste ano.

Isabela Pina começou como estagiária na empresa em 2016 e viu sua carreira se transformar, hoje tem 23 anos e atua como Gerente de Contas da Symrise e reforça a importância de as empresas investirem em programas de diversidade.

“É fundamental que as empresas se posicionem, o Brasil é um país plural e composto em sua maioria por pessoas pretas e pardas, mas que ainda assim, não estão em posição de poder e de reconhecimento. Quando as empresas dão voz aos grupos minorizados e a oportunidade do desenvolvimento de políticas que acolham e incluam essas pessoas, o resultado disso é positivo para todos. O DiverSym tem um papel na divulgação de ações que educam, incluem e demonstram a importância da representatividade preta na Symrise”, diz ela.

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