As mulheres que decidem abrir a própria empresa ou mesmo as que já se dedicam ao empreendedorismo têm menos suporte da sua rede de apoio em comparação aos empreendedores do gênero masculino. É o que mostra a pesquisa “Empreendedorismo Feminino”, feita pelo Sebrae.
Ainda de acordo com o levantamento, as donas de negócios dedicam menos horas às suas empresas pois utilizam praticamente o dobro de tempo do que os homens nos cuidados com familiares e com afazeres domésticos.
A pesquisa do Sebrae revelou que o apoio que os empreendedores homens recebem de cônjuge, amigos, pais e fornecedores é maior se comparado ao suporte recebido pelas empreendedoras. No grupo de quem já tem um negócio em operação, a diferença é ainda mais significativa – aqui, o apoio dedicado pelos fornecedores às mulheres é 9 pontos percentuais inferior ao recebido pelos homens.
Chama atenção também o maior apoio recebido pelos empreendedores (12%) por parte das prefeituras em comparação com o suporte dedicado pelas gestões municipais às mulheres (8%).
“Esses dados mostram que a cultura machista ainda privilegia os homens na atividade empreendedora, assim como em outros segmentos da economia e da sociedade”, comenta a diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Margarete Coelho.
A pesquisa comprova a importância de desenvolvermos políticas públicas que permitam às donas de negócios condições iguais para competir no mercado. Quando uma mulher é dona do seu dinheiro, ela é dona também da sua vida, das suas escolhas. Isso impacta diferentes aspectos da economia e da vida da população, inclusive na redução da violência doméstica.
A pesquisa “Empreendedorismo Feminino” contabilizou a quantidade de horas destinadas a mais pelas mulheres nos cuidados com pessoas da família e nos afazeres domésticos. As mulheres que empreendem dedicam 3,1 horas aos cuidados familiares e consomem 2,9 horas do seu dia nos afazeres domésticos, enquanto os homens gastam 1,6h e 1,5h, respectivamente, com essas atividades.
“Essa dupla jornada das mulheres funciona com mais um obstáculo que torna ainda mais complexa a trajetória das empreendedoras à frente de uma empresa”, avalia Margarete.
Esse mesmo cuidado com a família influenciou mais diretamente as mulheres na decisão de abrir o negócio. Entre as empreendedoras, 68% disseram que cuidar dos filhos “influenciou muito”, enquanto, entre os homens, esse índice chegou a 56%. Em relação à sobrecarga com a jornada dupla, 76% das mulheres se sentiram mais sobrecarregadas e 61% já tiveram que deixar de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar dos filhos, de idosos ou parentes. No outro extremo, esses resultados foram de 55% para os homens que se sentiram sobrecarregados e 48% para que os que afirmaram ter de sacrificar algo em favor dos filhos ou parentes.
“Se todos na casa se beneficiam com os filhos bem cuidados, com o jantar quentinho, com a casa limpa, será que é justo que este peso recaia somente sobre as costas das mulheres, de maneira a sobrecarregá-las?”, indaga Margarete.
Fonte: Sebrae