Mãe e filha denunciam golpe do falso aluguel em Santos; suspeita anunciava imóveis de outras pessoas

Ao ser descoberta, a suposta golpista enviou mensagens debochadas para a vítima: "Mereceu, né?"

26 ago 2024 - 15h10
A suspeita debochou de Thayná, filha que buscava apartamento para a mãe, quando ela descobriu o golpe
A suspeita debochou de Thayná, filha que buscava apartamento para a mãe, quando ela descobriu o golpe
Foto: Arquivo Pessoal/Thayná Branco

O que parecia ser uma oportunidade de ouro acabou virando dor de cabeça para mãe e filha que buscavam por um apartamento para alugar em Santos, no litoral de São Paulo. Thayná Branco, de 28 anos, denuncia que ela e a mãe teriam sido vítimas do golpe do falso aluguel e perdido um depósito de R$ 1,7 mil.

Tudo ocorreu em um intervalo de dois dias. Thayná conta que procurava um apartamento com urgência para a mãe, a depiladora Márcia Alves, de 60 anos. O imóvel onde ela morava de aluguel havia sido vendido pelos proprietários e, por isso, a mulher precisava de uma nova casa o mais breve possível.

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No sábado, dia 10 de agosto, mãe e filha se interessaram por um anúncio disponível em uma plataforma online e marcaram uma visita ao imóvel.

"Chegando no local, eu me identifiquei pro porteiro, falei que eu estava indo visitar o apartamento e foi liberada a minha entrada", conta Thayná.

Este primeiro apartamento, localizado na Avenida Conselheiro Nébias, era do tipo estúdio, em que não há paredes dividindo os cômodos. Isso fez com que mãe e filha desanimassem inicialmente do negócio.

"Eu chamei a pessoa e falei: 'Olha, o imóvel está bom, está todo reformado, eu gostei, mas é uma sala living e eu gostaria pelo menos de um apartamento que fosse de um dormitório'", relembra Thayná.

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A resposta que recebeu da mulher com quem conversava era de que ela teria mais um apartamento disponível para aluguel, mas em uma região mais nobre da cidade.

"Quando ela me passou o endereço desse outro imóvel, era na praia. E os aluguéis aqui em Santos estão bem caros ultimamente. Aí, eu até falei para ela: 'Mas qual o valor que você está pedindo lá? Porque eu só posso pagar até R$ 1.700 mesmo'. Ela disse que estava pedindo R$ 1.800, mas que para mim faria os R$ 1.700", conta.

A Avenida Presidente Wilson fica na orla de Santos
Foto: Reprodução/Google Street View

Chegando no novo endereço indicado, dessa vez na Avenida Presidente Wilson, o procedimento foi o mesmo: Thayná deu seu nome na portaria, que já estaria avisada de sua visita e subiu para conhecer o imóvel. O apartamento cumpria tudo o que prometia.

Inconsistências

Com pressa para fechar negócio e medo de perder o imóvel, Thayná foi direta ao falar com a suposta golpista: "O apartamento é nosso", disse. Perguntou quais documentos seriam necessários para firmar a locação e pediu que a mulher também lhe enviasse um documento de identificação para lhe dar mais segurança em fazer qualquer transação.

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A mulher enviou a foto de sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e de sua chave Pix, pedindo um caução para garantir o interesse no apartamento. Thayná teve o cuidado de olhar que as informações tanto da chave quanto do documento batiam umas com as outras e fez a transferência.

Ao chegar em casa, porém, o preço abaixo do mercado ficou ecoando em sua cabeça e decidiu investigar mais a fundo com medo de ter sido vítima de um golpe. Ao pesquisar o nome da suposta locatária no site da Receita Federal percebeu que a data de nascimento não era a mesma que aparecia na CNH.

"Eu trabalho com departamento pessoal, e, às vezes, acontecem inconsistências dessas. Nada muito fora do normal, né? Pensei que poderia ter acontecido alguma coisa", afirma.

No dia seguinte, Thayná decidiu pesquisar por imóveis naquele prédio para ver se sua suspeita se confirmava. Encontrou um anúncio de uma imobiliária do mesmo imóvel, por um preço três vezes acima do que ela havia acertado.

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Ao entrar em contato com a imobiliária, Thayná descobriu que o nome da proprietária responsável pelo anúncio não era o mesmo daquela com quem negociou pela internet. Foi então que a ficha caiu de que havia sido mesmo um golpe.

Mensagens debochadas

Tendo descoberto as inconsistências, Thayná voltou a entrar em contato com a suposta golpista, que chegou a lhe enviar um contrato de aluguel para ser assinado por ela. A mulher, porém, além de não dar explicações, respondeu com mensagens debochadas.

"A senhora sabe que boletim de ocorrência não adianta nada, né? Acho que quando foi lá na delegacia tomou ciência disso. Brasil é assim", escreveu. A suspeita também admitiu que a conta usada por ela seria de um laranja, comprada através de um aplicativo de mensagens.

A suspeita admitiu usar uma conta em nome de outra pessoa para receber o dinheiro
Foto: Arquivo Pessoal/Thayná Branco

Pela forma como ocorreu, Thayná suspeita que o golpe seja feito por mais de uma pessoa. Ela se questiona como a suspeita teria informações sobre os apartamentos disponíveis para alugar, com fotos e vídeos dos locais.

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Além disso, ela conta que o porteiro de um dos prédios que visitou informou ter recebido uma ligação, no telefone fixo da portaria, de uma mulher se passando pela proprietária do imóvel e liberando-a para subir.

"Ela tinha acesso à documentação do imóvel, sabia o nome da proprietária, porque ela ligou no prédio se passando pela proprietária. Então, o que eu desconfio, uma opinião minha, é que tenha alguém infiltrado nisso", acusa, sem detalhar provas.

Thayná registrou o caso na segunda-feira seguinte ao golpe. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que o caso está sendo investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo 4º DP de Santos, que realiza diligências visando à identificação, localização e prisão do autor.

A jovem também tenta reaver com o banco o dinheiro enviado para a suspeita.

Fonte: Redação Terra
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