Quantos seguidores são necessários para vender milhares de exemplares de um livro? Para Gustavo Ferreira, nenhum. Ele é o autor do livro mais vendido sobre marketing digital na Amazon, entitulado Gatilhos Mentais.
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Gustavo seguiu um caminho que parece ser o contrário do que é preconizado atualmente. Ele se tornou um sucesso primeiro fora das redes, mais necessariamente com o auxílio do e-mail, e, só há pouco tempo, se rendeu a um perfil público no Instagram.
"Hoje, eu poderia estar em uma posição de uma influência muito maior, com mais seguidores. Já bati 300 mil livros vendidos. Mas eu tomei essa opção de forma consciente e eu uso isso, inclusive, como uma prova, né? Falando dos gatilhos mentais. Uma prova de que você não precisa das redes sociais para você conseguir o sucesso", conta.
Seu livro de maior sucesso ganhou uma versão física em 2019, quando passou a ser vendido na Amazon. Lá, já são quase 15 mil avaliações de leitores.
Além de escritor, Gustavo trabalha como consultor de negócios e é empresário, com uma agência no exterior voltada para tráfego pago. Se quisesse, poderia deixar os livros trabalharem por ele, já que a renda advinda das vendas é suficiente para manter seu estilo de vida.
Somando todos os ganhos, o consultor estima que irá bater R$ 1 milhão em faturamento este ano. Confira abaixo o bate papo completo de Gustavo Ferreira com o Terra:
Me conta sobre a sua entrada nesse mundo do marketing. Você já trabalhava na área antes de se tornar um consultor?
Eu tenho formação em gestão de tecnologia, MBA em gestão de projetos, e eu comecei a me enveredar para o lado do marketing, depois que eu quebrei duas empresas, aí eu percebi que eu precisava aprender a vender melhor, a trabalhar a parte do marketing.
Você chegou a quebrar duas empresas, eram suas? Pode contar melhor sobre isso?
A minha primeira empresa, eu abri com 19 anos, que eu passei a prestar serviço para outras empresas, na época eu era desenvolvedor de sistemas, então eu nem estava na parte de marketing. E aí, qual foi a minha principal dificuldade na época, nessa primeira empresa? Eu tive muita dificuldade em montar equipes para me ajudar, então eu tive uma sobrecarga muito grande de trabalho, isso afetou muito a minha saúde, eu não conseguia mais entregar os trabalhos. Eu morava em Florianópolis na época, aí eu voltei para São Paulo quebrado e com depressão.
Um pouco depois, em 2010, um amigo meu me convidou para a gente abrir uma empresa, então nós tivemos a ideia de fazer um software, um aplicativo de gestão financeiram. Nós passamos nove meses investindo, R$ 63 mil investidos, e aí nós tivemos quatro vendas de R$ 50. Então, obviamente, a conta não fechou.
Depois que eu quebrei essa segunda empresa, que eu comecei realmente a entender que eu precisava aprender a me comunicar melhor, a trabalhar o marketing, a trabalhar, de fato, essa venda, já pensando um pouco mais no digital. E aí, eu conheci o mercado do marketing digital em 2012. Em 2013, eu comecei a estudar copywriting, e em 2014, eu fiz a minha primeira formação oficial de copywriting, que foi quando eu realmente entrei no mercado.
Depois que você fez essa formação, você passou a trabalhar para outras empresas como copy?
Eu comecei a trabalhar com empresas, prestando serviço como copywriter para essas empresas, ao mesmo tempo que eu comecei a compartilhar essas informações, principalmente através da minha lista de e-mails.
Então, na época, eu fiquei bastante conhecido no meio, porque eu era uma das poucas pessoas que ensinava sobre copywriting. Ao mesmo tempo que eu prestava serviço, eu também ensinava. Boa parte do posicionamento que eu ganhei, o que levou à escrita dos livros, foi justamente eu continuamente ensinar como copywriting quando não tinha tanto material na época. A gente até brinca que eu fui um dos desbravadores do mercado no começo.
Naquela época o e-mail estava mais em alta do que as redes sociais, né? Foi por isso que você escolheu esse meio?
Eu nunca gostei de rede social, então o e-mail era uma forma que eu podia me expressar. Eu sempre tive vergonha, eu não queria aparecer. Então, eu consegui me expressar porque eu sempre gostei de escrever.
Até hoje, o e-mail gera um ROI (Retorno sobre Investimentos) 39 vezes maior do que rede social, dependendo da estratégia que você está usando. Eu sempre falo que o grosso que eu ganho dinheiro mesmo nas empresas é com o e-mail marketing.
Eu trabalho hoje a rede social também, mas o foco é realmente nas empresas. Quando eu vou trabalhar uma estratégia de negócios, o foco é muito grande no e-mail marketing, porque funciona.
Você comentou que não gosta muito de rede social, e eu tinha visto um post seu falando que não precisou crescer no Instagram para fazer sucesso. Mas hoje em dia o marketing digital está muito relacionado às redes sociais. Como é para você ser uma referência do marketing digital e estar um pouco de fora das redes?
Foi uma opção que eu tomei na minha vida de não abrir a minha rede social antes, porque, antes, o tipo de mensagem que eu falava não estava conectado com o que realmente eu queria falar. Porque as pessoas queriam que eu falasse muito especificamente sobre copywriting, muito especificamente sobre gatilhos mentais. E, por mais que eu seja especialista nisso, o que eu realmente gosto de falar? Eu gosto de falar sobre pessoas, sobre empresas, sobre processos, sobre estratégias.
Eu fiquei muito tempo em conflito em abrir minha rede social, porque eu não ia gostar do que eu ia estar falando. Hoje, eu poderia estar em uma posição de uma influência muito maior, com mais seguidores. Já bati 300 mil livros vendidos.
Mas eu tomei essa opção de forma consciente e eu uso isso, inclusive, como uma prova, né? Falando dos gatilhos mentais. Uma prova de que você não precisa das redes sociais para você conseguir o sucesso. Eu dou exemplo até da minha própria agência internacional, que ela tem cinco meses agora. Nós fechamos clientes, temos uma equipe, e a empresa só apareceu no LinkedIn porque a equipe queria falar que estava trabalhando com a gente. Então, uma empresa totalmente invisível, lucrativa, com sucesso, estruturada, mas fora da rede social.
Indo agora para seus livros, queria saber ao que você atrela o sucesso deles?
O primeiro livro foi Palavras que Vendem Milhões. Esse realmente foi o primeiro livro. Ele foi o primeiro livro de copywriting lançado no Brasil. No começo, ele vendeu muito bem porque foi o primeiro, não tinha outras referências. Mas ele era muito focado em cartas de vendas. É para um público específico de copywriters.
Já o Gatilhos Mentais foi pensado e desenhado para um público mais amplo porque ele foca muito, não só no gatilho mental, na frase que você vai falar ou na frase que você vai escrever. Mas eu falo muito de como você se comunica com outra pessoa. Eu atrelo isso a uma estratégia de negócio.
Não adianta você criar uma frase mágica para você hipnotizar o seu cliente, que é o tipo de mensagem que a gente encontra por aí hoje, que é um saco. Se você não tem uma estratégia de negócio por trás que realmente vai sustentar a comunicação que você está construindo.
Então, o Gatilhos Mentais se comunica com as pessoas. É um livro que ensina você a se comunicar com as pessoas, ao mesmo tempo que te dá uma base de negócios, uma base sólida, para você construir a sua empresa de acordo com a comunicação que você está construindo. Esse, eu acredito, foi realmente o principal motivo de sucesso dele.
O Gatilhos Mentais é de 2019, por que ele continua sendo o primeiro lugar até hoje de vendas, depois de tanto tempo assim? O conteúdo continua válido?
A primeira versão, na verdade, foi em 2016, que eu lancei ele só online. Em 2019, a gente lançou o físico. A informação dele é atemporal. Ou seja, funcionava antes, funciona hoje e vai continuar funcionando depois.
Mas, por exemplo, no Gatilhos Mentais, como eu trabalhava muito com e-mail, eu dou muitas referências a e-mail. Porque, em 2016, era onde eu realmente estava mais focado. Hoje, não. Então, até a gente fez pequenos ajustes para falar um pouquinho de rede social. Eu mudei algumas frases no livro só para ficar um pouco mais conectado com as pessoas.
Mas o principal motivo é que realmente é uma comunicação atemporal. É uma estratégia atemporal. É um livro baseado em fundamentos, não é moda passageira. Porque se eu criasse um livro focado no Instagram, por exemplo, daqui a um tempo, invariavelmente, o Instagram vai sumir, vai ter outra. Aí o livro ficaria desatualizado.
E tem o que muita gente fala, que é um livro que você lê rápido, é um livro com uma linguagem simples. Eu procuro trazer isso também, porque essa simplicidade na comunicação é o que cria uma comunicação, a gente fala dessa comunicação persuasiva, mas é uma comunicação simples, é uma comunicação que é direta ao ponto.
Se você tivesse que escolher para uma pessoa que está empreendendo e quer ler um dos seus livros, qual seria que você diria que é imprescindível para ela ler? Seria o Gatilhos Mentais mesmo ou algum outro?
Eu recomendaria dois, que é o Gatilhos Mentais, pensando nessa parte para você aprender os fundamentos à base de vendas, mas eu lancei recentemente o Cartas de Ouro para Empreendedores, que é um livro focado em estratégias de negócio. Então é um livro para empreendedores.
Se você é empreendedor, se está começando a empreender, ou se você já tem uma empresa estruturada e você quer crescer, o livro mais direcionado para você é o Cartas de Ouro para Empreendedores. Então eu até falo que esse livro é a minha própria consultoria de estratégia de negócios escrita em um livro.
O que são os gatilhos mentais e qual é a sua relação com o marketing, segundo o autor do livro mais vendido da Amazon sobre o assunto?
Os gatilhos mentais são atalhos no nosso cérebro que nos ajudam a tomar decisões. Eles acontecem todos juntos, ao mesmo tempo, e de forma inconsciente. Então, qual que é a relação do gatilho mental com o marketing?
Quando a gente entende quais são esses atalhos, o que faz as pessoas tomarem as decisões de compra, especificamente quando a gente fala de venda, mas também a escolha que leva a pessoa a escolher um parceiro, ou até a comida que vai comer, quando a gente entende esses mecanismos inconscientes, a ação do marketing ajuda a direcionar a pessoa a ter a ação que nós desejamos.
E isso é uma coisa que é muito delicada, inclusive, porque se você é mal-intencionado, você pode realmente manipular as pessoas e levá-las a comprar um produto, um serviço, seja lá o que for, que elas não querem, ou que elas não precisam.
Você precisa ter uma responsabilidade muito grande na forma com que você se comunica, porque a gente realmente pode influenciar as pessoas a tomarem decisões. É um poder muito grande que nós temos. Então, nós temos que ser muito éticos na hora de criar essa comunicação.
Enfim, na verdade, o marketing está todo entrelaçado com os gatilhos. Por mais que tenha uma separação didática no livro, os gatilhos mentais, eles acontecem o tempo todo. Então, quando eu tenho minha rede social, o que eu estou projetando? Autoridade, eu estou projetando prova, eu estou projetando prova social.