O governo brasileiro enviará na terça-feira os últimos documentos pedidos pelos Estados Unidos para que seja analisada a reabertura do mercado norte-americano para a carne bovina in natura do Brasil, e pediu a visita de uma nova missão sanitária.
Ainda assim, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou em Washington não esperar uma solução para as negociações do tema durante a visita do presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva, nesta semana.
"De concreto, o início das renegociações das relações mais amigáveis com os EUA. Eu não tenho nenhuma expectativa de levar nada fechado", afirmou ela, nesta segunda-feira.
Na semana passada, fontes com conhecimento da situação disseram à Reuters que EUA e Brasil não chegariam a um acordo sobre exportações brasileiras de carne bovina in natura a tempo da visita do Bolsonaro.
"Vamos tocar no assunto da carne, na suspensão que houve, para que a gente volte de novo a exportar", acrescentou a ministra. "É escutar e começar a um novo relacionamento."
Depois de anos tentando, o mercado norte-americano de carne bovina foi reaberto ao Brasil no segundo semestre de 2016, mas fechado de novo em meados de 2017, na esteira de um escândalo na fiscalização sanitária, quando se descobriu que empresas brasileiras pagavam propina a fiscais para escapar da supervisão.
Os EUA intensificaram suas inspeções em resposta, descobrindo inconformidades que levaram o país a suspender as importações de carne bovina do Brasil, maior exportador global do produto.
As autoridades brasileiras indicaram que a questão detectada pelos inspetores norte-americanos relacionava o problema às vacinas contra a febre aftosa, que teriam causado abcessos (caroços) na carne.
Os abscessos, que responderam por 28 por cento dos problemas apontados pelo governo dos EUA para suspender a carne in natura do Brasil, podem ser gerados, por exemplo, por uma vacinação mal executada, realizada com uma agulha rombuda (sem ponta), segundo especialistas.