A nova bolsa de valores a ser instalada no Rio de Janeiro, no segundo semestre de 2025, faz parte de um projeto maior do município, que quer se tornar "capital de inovação e tecnologia da América Latina". Quem diz isso é o secretário de Desenvolvimento Urbano e Econômico da cidade, Chicão Bulhões.
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Outros esforços estão sendo feitos, como a atração da Air Carbon Exchange, plataforma de comercialização de créditos de carbono que escolheu o Rio para instalar o seu braço no Brasil. O mercado ainda carece de regulamentação no País, enquanto um projeto de lei que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) está rodando no Congresso desde 2015.
Mas, quando for regulamentado, o secretário estará pronto para dizer que o Rio "já tem uma bolsa de mercado de crédito de carbono no mercado voluntário", pronta para receber empresas certificadoras e auditoras.
"A gente realmente tem isso como estratégia. Inclusive, temos um programa em que empresas que acessarem esse mercado de crédito voluntário hoje, para compensar as suas emissões de carbono e comprarem crédito de atividades limpas na cidade do Rio de Janeiro, podem vir à prefeitura e pedir abatimento do Imposto Sobre Serviço (ISS)", afirma Bulhões, em entrevista ao Terra.
Para este projeto, o secretário diz que a prefeitura separou R$ 60 milhões e que cada empresa pode pedir um abatimento de até R$ 3 milhões vinculados à compra desses créditos de carbono.
ISS será atrativo para bolsa de valores
A estratégia de usar o ISS como atrativo para empresas também será usada na implementação da nova bolsa de valores. Para competir com São Paulo, a prefeitura do Rio de Janeiro reduziu a tarifa do imposto para 2%, enquanto a cidade que abriga a B3 cobra 3% de ISS.
A intenção de competir com a capital paulista é confessada abertamente, não só por Bulhões, como pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O gestor do município chegou a ironizar o sotaque paulista e o lifestyle dos 'Farialimers' - termo usado para se referir aos trabalhadores do mercado financeiro, instalado principalmente na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.
A "Faria Lima carioca" ainda não tem endereço definido. O secretário Chicão Bulhões afirma que a prefeitura tenta convencer a America's Trading Group (ATG), dona da bolsa de valores do Rio, a escolher o centro da cidade para instalar a sua sede. A decisão, porém, pertence apenas à empresa.
Quais empresas serão listadas na nova bolsa?
Ainda é cedo para anunciar qualquer listagem da nova bolsa, que ainda precisa de aprovação final dos órgãos regulatórios para começar a atuar. Mas Chicão Bulhões adianta que os gestores da ATG sinalizaram o interesse de empresas brasileiras e de fora do País.
"Algumas pessoas acham que não tem mercado para isso, mas claramente tem. O Brasil pode ampliar muito mais a participação da própria população como investidores no mercado de capitais", defende o secretário.
Ele dá como exemplo outros países que possuem maiores percentuais de participação na bolsa do que o Brasil, além de terem várias bolsas atuando ao mesmo tempo. Com a chegada da nova bolsa, uma concorrência será criada e Chicão Bulhões projeta que, quem sabe, em um futuro próximo, médias empresas tenham condições de ingressar no mercado de capitais.