Segundo mandato de Dilma será "difícil", disse jornal Financial Times
O "novo pragmatismo econômico" da presidente Dilma Rousseff enfrenta um "teste duro" com a "pior recessão em 25 anos" e o escândalo de corrupção na Petrobras, diz o jornal britânico Financial Times em editorial nesta terça-feira.
O jornal destaca a situação econômica do país, citando perspectiva de recuo de 1% neste ano, desemprego em alta e inflação ao redor de 8%, quase o dobro da meta oficial.
O FT cita três razões para a "melancolia" do país, "após anos de crescimento rápido e crédito fácil". Diz que dois são externos: a desaceleração chinesa, que afetou os preços de commodities, e a previsão de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, que pode retirar liquidez internacional do país.
O terceiro fator resultaria de políticas de Dilma em seu primeiro governo, que o jornal chama de equivocadas.
"Acima de tudo, (o Brasil) está pagando o preço da aposta errada de Dilma, durante seu primeiro mandato, no chamado 'desenvolvimentismo'", diz o jornal.
Segundo o diário financeiro, o intervencionismo estatal baseado em taxas de juros artificialmente baixas, expansionismo fiscal, retorno limitado para investimento privado e preços baixos forçados de gasolina e energia se provaram "tóxicos".
"A boa notícia é que Dilma, pelo menos em parte, viu o erro de seus caminhos", diz o jornal, ao apontar medidas de austeridade anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para o país retomar o crescimento.
Além das questões econômicas, o FT cita o escândalo na Petrobras, que acredita ser "o maior da história nacional", com perdas estimadas em R$ 6,2 bilhões devido a corrupção.
Os dois temas, diz o jornal, corroeram a popularidade da presidente, que está "isolada".
"O mais impressionante é como Dilma permitiu que o poder escoasse por suas mãos. Cada reviravolta no escândalo da Petrobras tem visto aliados do governo na coalizão corroerem o poder do Executivo".
"Por ora, o pragmatismo econômico prevalece. Mas é uma questão aberta se ela (Dilma) será capaz de manter a nova ortodoxia, especialmente se a recessão se agravar. O escândalo da Petrobras... pode chegar mais perto da Presidência".
"Os protestos sociais estão aumentando. Uma coisa é clara: o restante do mandato de Dilma será certamente difícil".