A Nu Holdings, criadora do banco mais valioso da América Latina, o Nubank, está considerando transferir seu domicílio legal para o Reino Unido, visando uma expansão global que pode incluir os Estados Unidos, disse à Reuters o seu fundador e presidente-executivo, David Vélez.
"Estamos pensando ativamente sobre quais são algumas das jurisdições que fazem sentido para considerarmos, à medida que pensamos nos próximos 10 anos de expansão global", disse Vélez nesta segunda-feira.
"Estamos considerando o Reino Unido", acrescentou, alertando que mudanças fiscais trazem "incertezas em termos de jurisdição e onde operar", em entrevista nos bastidores da reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos.
Desde que o Nubank iniciou operações em São Paulo há mais de uma década, o banco chegou a mais de 100 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia, tornando-se um dos maiores bancos digitais do mundo.
Vélez afirmou que o novo governo do presidente norte-americano, Donald Trump, que tem sinalizado uma provável adoção de regulações para incentivar ativos digitais, como as criptomoedas, deve criar um ambiente mais favorável para o Nubank considerar entrar nesse mercado.
"Com os EUA entrando no jogo, fintechs e criptomoedas estão de volta", disse Vélez. "Quando um governo de repente vê a fintech como algo bom para os consumidores e mais competição, isso torna o mercado mais atraente."
Embora a Europa seja um mercado relevante do ponto de vista de tamanho, Vélez disse que não é uma prioridade para o Nubank lançar serviços na região, dado o ambiente regulatório e competitivo. Em vez disso, ele disse que uma possível sede europeia poderia servir como uma presença legal para gerenciar o grupo e recrutar talentos.
O Nubank, que está domiciliado nas Ilhas Cayman, já tem cerca de 40 funcionários trabalhando nos escritórios que abriu em Berlim em 2017.
Perguntado sobre expansão internacional, Vélez mencionou o investimento do Nubank de 150 milhões de dólares no mês passado no banco digital Tyme Group, sediado em Cingapura, que possui 15 milhões de clientes na África do Sul e nas Filipinas, oferecendo uma janela para novos mercados emergentes.
"Quando olhamos para muitos mercados emergentes, há muitas semelhanças com o que temos visto no Brasil e no México", disse ele, acrescentando que não há planos imediatos de entrar em um novo mercado, mas que espera realizar um movimento nos próximos 18 a 24 meses.