Com quase 60 indicações a prêmios internacionais e 32 conquistados, incluindo dois Oscar, o ator/diretor/produtor Robert Redford não acredita que o sucesso na indústria cinematográfica pode ser medido pelo número de estatuetas. "Creio que o prêmio seja possível por exemplo em uma corrida: quem chegou na frente ganha. É objetivo. Em filmes e outras áreas, pode ser uma decisão política", afirmou no Adobe Summit, evento de marketing digital realizado em Salt Lake City (EUA).
A estrela de Hollywood que despontou no papel de Sundance Kid, parceiro de Butch Cassidy no filme de 1969, também tem uma visão um tanto pessimista sobre o sucesso. "Se você ficar muito ligado ao seu sucesso, ele te para. Ele tem um lado escuro. Algumas pessoas se consomem com o próprio sucesso e se esquecem de ir para frente", apontou.
Se por um lado o estrelato é visto como algo negativo, um obstáculo a ser superado, o fracasso parece ter um papel mais fundamental na história de Redford, que passou do teatro para a televisão, depois para o cinema, virou diretor, produtor e fundou o instituto Sundance para ajudar novos realizadores. Seu empreendedorismo também avançou sobre causa ambientais e um resort de esqui.
"Para mim as mudanças são inevitáveis. Uma parte da sociedade tem medo de mudanças. Vejo o fracasso de forma um pouco melhor, como um passo no caminho. Ele te move para frente, em vez de encerrar a jornada", explicou. Redford relatou que teve muitas dificuldades em conseguir apoiadores para o projeto de Sundance, mas que isto não o desestimulou a continuar.
Arte e negócios
Em uma analogia para a plateia de profissionais de marketing, Redford comparou a arte ao caos que existia antes da Terra, enquanto a ordem que surgiu depois foi relacionada ao mundo dos negócios. Segundo ele, um não pode existir sem o outro. "Recentemente falei para uma classe em Harvard. Eles estavam preocupado em como ganhar dinheiro rápido. Disse que era importante eles pensarem primeiro no papel da arte nos negócios. É daí que surgem novas ideias."
O diretor vencedor do prêmio da Academia em 1980, por Gente como a Gente, afirmou que o papel da criatividade tem ficado em segundo plano na nossa sociedade e depois relatou uma história que pode ter sido determinante para seu sucesso. "Quando eu era criança em Los Angeles, pouco depois da guerra, tínhamos professores substitutos porque muitos não tinham voltado ainda. Não era um bom aluno, minha mente estava sempre longe, mas gostava de desenhar. Uma vez a professora me pegou desenhando embaixo da mesa."
"Ela perguntou: o que é mais importante aí embaixo? Venha nos mostrar. Era um desenho de cowboys atirando em índios, que revidavam com flechas, e tinha aviões jogando bombas atrás. Achei que ela fosse me humilhar em frente aos colegas, mas levantei o desenho e todos acabaram gostando. Ela me deu 15 minutos por semana para desenhar para a classe, em troca eu prestaria atenção nas aulas", contou.
O jornalista viajou a convite da Adobe.