Oferecimento

O homem que vendeu sua página na internet 'pixel por pixel' e ficou milionário

31 mar 2017 - 04h57
(atualizado às 09h13)
Alex Tew sempre buscou oportunidades em nichos de mercado negligenciados
Alex Tew sempre buscou oportunidades em nichos de mercado negligenciados
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Alex Tew não é daqueles que se deixam levar pela corrente. Seu mantra sempre foi conferir em que os demais estão concentrados e fazer exatamente o oposto.

Em 2005, sua única obsessão era juntar dinheiro para pagar um curso de gestão empresarial na Universidade de Nottingham, na Inglaterra.

Publicidade

Para a maioria dos jovens, isso significava buscar um emprego de meio período ou contrair um empréstimo.

Aos 21 anos, contudo, o rapaz decidiu bancar os estudos criando um site chamado The Million Dollar homepage ("A homepage de um milhão de dólares") para vender espaço publicitário na internet a US$ 1 por pixel, em blocos de 100 pixels (10x10).

Aos 21 anos, Alex Tew decidiu que havia uma maneira melhor de pagar a universidade do que um emprego precário, e criou uma página na internet que mudou sua vida
Foto: Daniel Berehulak / BBC News Brasil

"Eu literalmente não tinha dinheiro e a universidade me preocupava", conta. "Apenas pensei nessa estratégia meio maluca de fazer dinheiro rápido que ganhou vida própria."

Em quatro meses, o site ficou bem conhecido e esgotou seus espaços. Tew tinha alcançado sucesso, fama e seu primeiro milhão. E largou a universidade no fim do ano.

Publicidade

Os anunciantes variavam de jornais a sites de venda de cerveja, passando por cassinos online. Tew disse que não mirava nenhum setor em particular, apenas "qualquer um interessado em comprar pixels".

Também atraiu muita inveja. A ideia principal da página (vender pixels) poderia ter ocorrido a qualquer um, mas Tew foi o primeiro.

A página Million Dollar homepage partiu de uma premissa simples: vender anúncios a US$ 1 por pixel
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Inovação permanente

Avance esse filme 11 anos e Tew ainda está fazendo as coisas de modo diferente da maioria - e bem distinto de como vivia em 2005. Hoje ele mora em San Francisco, na Califórnia (EUA), longe de suas raízes no sudoeste da Inglaterra.

É também o fundador e CEO da start-up Calm, que oferece um aplicativo de mesmo nome para dispositivos móveis, com narrações e programas de meditação para relaxamento. O app também traz imagens e sons de chuva, ondas e correntes de água.

"É como ter um santuário no bolso", diz ele.

O app é gratuito, mas usuários podem optar por uma assinatura mensal, anual ou vitalícia, com mais programas de meditação e opções.

Publicidade

O negócio da calma

Tew não está sozinho na missão de ganhar dinheiro tentando levar mais tranquilidade à vida das pessoas.

Há uma lista crescente de concorrentes que oferecem aplicativos de mindfulness (consciência ou atenção plena) e meditação, como Headspace, Buddhify e Smiling Mind.

A meditação e técnicas de atenção plena e relaxamento se popularizaram em meio ao ritmo frenético de hoje - e se tornaram grandes negócios
Foto: iStock / BBC News Brasil

Apenas em 2015, a indústria da meditação e do mindfulness movimentou cerca de US$ 1 bilhão, segundo a firma de investigação de mercado IbisWorld.

Recentemente, a cofundadora do site de notícias Huffington Post, Ariana Huffington, deixou seu império midiático para encabeçar a nova startup de autoajuda Thrive Global, cujo objetivo é reduzir o estresse das pessoas.

Celebridades adeptas da meditação, como Hillary Clinton, Oprah Winfrey e Paul McCartney, ajudam a manter o interesse em torno do setor.

Hobby antigo

Para Tew, a busca pela calma remonta ao período em que tinha 14 anos e começou a praticar meditação. "Sempre me interessei pela psicologia e pelo desenvolvimento humano."

Publicidade

"Pensava que era algo que deveria estar na internet, um guia sobre meditação e mindfulness", afirma.

Quando fundou a Calm, em 2012, pensou no negócio como um site normal. Um ano mais tarde, a firma entrou para o mundo móvel, com um aplicativo.

Hoje a empresa tem seis milhões de usuários e já recebeu três rodadas de financiamento que somaram US$ 1,5 milhão.

Aos 32 anos, Alex Tew diz ter completado um ciclo ao criar um site mais focado em atenção plena do que em entretenimento
Foto: Alex Tew / BBC News Brasil

Tew não revela o faturamento da Calm, mas diz que a firma está "fazendo milhões de dólares por ano" em receita.

Longo caminho

Mas a trajetória de Tew não foi só de sucesso.

Com a fama repentina trazida pela Million Dollar Homepage, as ideias antigas sobre criar uma página sobre meditação ficaram na gaveta, enquanto ele tentava outros projetos na linha "dinheiro rápido".

"Estava cheio de ideias e confiança e me esqueci um pouco do que poderia ser realmente interessante", afirma ele hoje.

Publicidade

O jovem empresário embarcou em projetos que não decolaram. Primeiro foi o Pixelotto, una iniciativa derivada da Million Dollar Homepage que vendia espaço publicitário. Depois a PopJam, uma rede social para compartilhar conteudo engraçado, e o One Million People, parecido com o a primeira iniciativa de sucesso, mas com fotos no lugar de anúncios.

Tew acabou se mudando para San Francisco quando seu amigo inglês e fundador da rede social Bebo, Michael Birch, o convidou a trabalhar com ele na incubadora de empresas de tecnologia Monkey Inferno.

Birch diz que adorava a energia e o pensamento criativo de Tew. "Ele é um homem de ideias", afirma. "Não tem medo de pensar alto, mas consegue focar nas ideias e persegui-las com grande determinação", afirma o empresário, que sabia que seria difícil manter o amigo no time por muito tempo.

"Ele se mudou para os EUA para trabalhar comigo em alguns projetos, mas nunca perdeu de vista a ideia de seus próprios negócios." Menos de um ano depois, Tew sairia para fundar a Calm.

Publicidade

Hoje, os 32 anos, o empreendedor diz ter completado um ciclo.

Mas ele diz que não foi fácil apresentar, ao lado do sócio Michael Acton Smith, o projeto da Calm a investidores. "Foi um desafio convencer as pessoas que era uma boa ideia", afirma.

Essa desconfiança, no entanto, não é necessariamente ruim, avalia o jovem empresário.

"Quando dizem que sua ideia é um pouco estranha ou 'não a entendem', pode ser algo bom. No fundo eu sabia que era algo acertado."

Veja também

Samsung Galaxy 8: o que esperar
Video Player
BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se