De Elon Musk ao bilionário russo Dmitry Itskov, soube de muitos homens que expressaram a vontade de “viver para sempre” conectando os próprios cérebros a um computador. Felizmente, um projeto muito mais nobre atingiu de fato o objetivo – e de modo wireless.
Foram cientistas americanos, da Universidade de Brown, os primeiros a desenvolver um software capaz de conectar o cérebro de um paciente com paralisia a um tablet sem usar nenhum fio, mas, sim, conectores presos no topo da cabeça. Já deixo o aviso de que a estética do equipamento precisa ser muito aprimorada, mas em funcionalidade a tecnologia foi surpreendente: nos primeiros testes clínicos, dois voluntários conseguiram digitar e clicar em elementos que apareciam na tela do tablet, um feito e tanto.
As interfaces cérebro-máquina (ICMs) não são exatamente uma novidade no campo da neurociência, pois os primeiros protótipos foram desenvolvidos na década de 1970. Mas não necessitar de cabos é uma inovação. E também uma oportunidade de coletar dados preciosos de pacientes que podem, futuramente, ser usados para aprendizado de máquinas e outros recursos da inteligência artificial. Imagine o potencial que toda essa tecnologia abre para uma completa reabilitação...
Mas a nossa mente vai muito além de poder controlar equipamentos eletrônicos sem usar as mãos quando o tema é inovação. Aliás, ela é fundamental para criar o novo e pensar em formas diferentes de resolver problemas complexos da humanidade.
A tecnologia é o menos importante em toda essa escalada de inovação. O essencial mesmo é o uso que faremos dela e o quanto ela estará inserida em nossa rotina.
Avanços como chips controlados pelo cérebro podem até mesmo ser assustadores se usados de maneira errada, mas, no fim, são apenas ferramentas. O modelo de negócio que faremos a partir delas é que precisa ser discutido com mais afinco.
Os próximos anos prometem achados ainda mais radicais para as ICMs. Vou acompanhar de perto.
(*) Rodrigo Guerra é economista, empreendedor e fundador do Projeto Unbox. Enxerga a inovação como uma responsabilidade social das lideranças, e não como um conjunto de metodologias. Fundou o Unbox para o ajudar em sua própria jornada de “desencaixotar” o pensamento crítico que antecede – ou deveria anteceder – qualquer projeto de transformação dos negócios e da sociedade