Os brasileiros que tiverem intenção de visitar a Argentina nos próximos meses ainda encontrarão um país em crise econômica, com inflação e taxas de juros nas alturas, diversos câmbios diferentes e parte da população na pobreza. Isso é o que avaliam economistas ouvidos pelo Terra, que analisaram o cenário diante da eleição do novo presidente, Javier Milei.
Para a economista Carol Vasconcelos, que é diretora Comercial da FHE Ventures, a Argentina continua como um excelente destino para os turistas brasileiros no curto e médio prazo. “Se você pensa em ir visitar a Argentina, pode ser um bom momento. Isso porque, com a desvalorização do peso, o real ganha um grande poder de compra”, afirma em conversa com a reportagem.
Um pouco mais cauteloso, Diogo Catão, que também é economista, evita desenhar um cenário 100% favorável para os turistas, mas diz que a desvalorização do peso argentino em relação ao real aumenta o poder de compra do brasileiro que, consequentemente, vai conseguir gastar melhor em viagens, hospedagens, alimentação e atividades turísticas como um todo.
Embora tenha uma proposta de dolarizar a economia argentina por conta da desvalorização do peso, Milei precisará do apoio do Congresso para emplacar as reformas e projetos que prometeu em campanha. A atual composição não favorece o presidente eleito. São 257 assentos e o bloco peronista possui 108, do Macri tem 93 e o La Libertad, do Milei, possui apenas 38 representantes.
“Eu creio que é muito cedo ainda para falar na alteração do comportamento do câmbio do peso para o real brasileiro e o impacto para os turistas brasileiros", pontua Catão, avaliando o clima após as eleições argentinas. "Acho que precisamos esperar um pouco mais para ver como é o poder dele [Milei] de negociação. No entanto, é verdade que a desvalorização do peso favorece o turista brasileiro”, acrescenta o economista e também CEO da Dome Ventures.
Atualmente, R$ 1 é o equivalente a 73 pesos argentinos. É preciso lembrar para quem vai tirar a tão sonhada viagem do papel, no entanto, que os comerciantes argentinos costumam a cobrar os valores em espécie, e o que está no cardápio ou na etiqueta podem mudar seu valor na hora da compra, por causa da inflação.
Argentina em números
Vitorioso nas eleições, Milei toma posse em 10 de dezembro. Ele assumirá o comando do País com uma inflação de 142,7% (acumulada em 12 meses), uma taxa de juros de 133% ao ano e uma dívida bruta de 88% do Produto Interno Bruto (PIB).
A inflação da Argentina é maior entre os países do G20. A inflação do país só é inferior a da Venezuela (333%). A perda do poder de compra levou o país a ter 40,1% da população em situação de pobreza. No 2º semestre, havia 11,8 milhões de pessoas que não tinham dinheiro suficiente para custear as próprias despesas.