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Os bancos brasileiros estão preparados pra economia tokenizada?

A tokenização da economia é o próximo passo a chegar aos países latino-americanos

16 jan 2023 - 02h00
Foto: Adobe Stock

No Brasil, que historicamente lidera inovações na região, a digitalização de ativos está avançando e gerando novas oportunidades para pessoas e empresas. Os fatos são concretos. 

O Banco Central do Brasil lançou o desenvolvimento de uma moeda digital (CBDC, na sigla em inglês) que estará em testes-piloto agora em 2023. Além disso, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, defende que o Brasil está migrando para uma economia tokenizada, pois há uma busca intensa de pessoas e empresas para encontrar uma representação digital para seus ativos.

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 O verdadeiro projeto digital utiliza a tecnologia blockchain (a mesma da bitcoin) para gerar um ambiente seguro, virtual, rápido e capaz de registrar operações e pagamentos. 

Transformação das atividades tradicionais

Isso aumenta o potencial de transformar atividades tradicionais, como a assinatura de um contrato ou a venda de um imóvel, em um processo digital conduzido em uma arquitetura tecnológica criptografada e em tempo real.

Os possíveis casos de uso de tokenização ainda não foram totalmente dimensionados. Em tese, qualquer ativo pode ser tokenizado, desde dinheiro (como no caso do real digital) ou safras agrícolas, que já estão sendo utilizadas no Brasil como garantia virtual para empréstimos de fintechs e bancos.

A tokenização também é uma ferramenta fundamental dos pagamentos digitais. Permite pegar os dados reais de um cartão ou conta bancária e convertê-los em combinações alfanuméricas sem sentido para quem os intercepta, tornando as transações digitais muito seguras.

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Essa série de cadeados e suas chaves são o motor das operações que estão movimentando o mundo por meio de carteiras digitais, compras por e-commerce ou assinaturas de streaming. E as oportunidades no futuro continuam a crescer.

O que é a tokenização da economia?

Existem muitos tipos de token. Um token pode ser negociado, ter valor de mercado e ser aceito pelas pessoas. Isso acontece com as criptomoedas.

 Nesse sentido, a diferença entre uma criptomoeda e uma CBDC é que esta última conta com o respaldo de uma instituição centralizada (Banco Central do Brasil), que tem suas reservas como o ativo que sustenta a emissão e intervirá no mercado, se considera que seu valor está sob pressão. Portanto, espera-se que não seja tão volátil quanto bitcoin ou ether.

Além disso, existe a tokenização que permite criptografar operações financeiras, principalmente pagamentos. Como dissemos antes, esta tecnologia permite disfarçar dados sensíveis do usuário, a fim de minimizar as oportunidades de roubo de identidade ou fraude.

Os benefícios de migrar para a tokenização são múltiplos. Uma das mais notáveis é o abandono progressivo da moeda física, o que também significa economia para os países e facilidade e segurança para o usuário. É verdade que nos países latino-americanos o dinheiro ainda é o protagonista, mas as operações digitais crescem de forma sustentável. 

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No Brasil temos o exemplo do Pix e como ele revolucionou os pagamentos instantâneos. E, de fato, sob a égide do Banco Central, estão sendo exploradas formas de vincular o Pix e o CBDC.

O impacto da tokenização no setor bancário

Migrar para a tokenização da economia requer evoluir e fortalecer as capacidades tecnológicas. Essa transição implica que os players financeiros invistam na evolução de suas áreas de tecnologia e em hardwares capazes de processar e armazenar grandes volumes de dados que são trocados, como a nuvem.

 Nesse setor, uma das primeiras operações a ser tokenizada foi a de pagamentos, com o objetivo de reforçar a segurança nestas operações. No entanto, as oportunidades são mais amplas para o mundo financeiro. Existem bancos explorando a emissão de dívida em estruturas de blockchain na Europa, enquanto os casos de uso baseados em blockchain estão florescendo em startups brasileiras.

Outro exemplo da economia tokenizada são os NFTs (tokens não fungíveis) que estão ganhando muito espaço entre as pessoas. Os clubes de futebol, por exemplo, estão emitindo cada vez mais ativos tokenizados vinculados às suas instituições. 

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Clubes como Flamengo, São Paulo, Corinthians ou Atlético Mineiro já criaram ativos digitais na tecnologia blockchain. Esses NFTs já estão no mercado e os fãs estão comprando, ou seja, os bancos não podem ser apenas espectadores e se limitar a ser um meio de troca tradicional.

A iniciativa do Banco Central para a emissão de um real digital envolve diretamente os bancos comerciais, como fica claro no Desafio LIFT, o espaço do emissor e da indústria financeira para testar casos de uso de sua moeda digital. Assim, as instituições financeiras são obrigadas a implementar, no curto prazo, tecnologia para se antecipar aos novos desafios.

Felizmente, no Brasil, os reguladores têm se mostrado abertos à inovação. Se o Banco Central confia no potencial da tokenização para a sociedade, os bancos privados devem alinhar e adotar essa tecnologia em seus processos, para colher seus benefícios em termos de inovação e facilidade.

(*) Wagner Martin é VP de Negócios da Veritran.

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