Um dia após soltar o fato relevante sobre o rombo bilionário em suas contas, a Americanas anunciou um comitê independente para apurar o caso. Os três indicados, na data, foram aprovados pelo Conselho de Administração da empresa mas, desde então, já houve uma mudança no quadro.
De acordo com Felipe Pontes, sócio do TC, o comitê continua não sendo de fato independente. Entenda:
Qual a atribuição do Comitê e quem foi nomeado?
Em comunicado no dia 12 de janeiro, a Americanas anunciou a composição do Comitê, que tem como atribuição investigar se houve fraude na empresa. Esses eram os três integrantes:
- • Otávio Yazbek, sócio de Yazbek Advogados, Monitor Independente de Conformidade da Odebrecht S.A. indicado pelo U.S. Department of Justice e pelo Ministério Público Federal.
- • Vanessa Claro Lopes, que tem 20 anos de atuação profissional e é parte do comitê de auditoria de outras empresas.
- • Pedro Melo, que desenvolveu por mais de 30 anos uma longa trajetória profissional nas áreas de auditoria, consultoria e gestão empresarial, atuando na KPMG, onde foi presidente no Brasil entre 2008 e 2017 e da América do Sul entre 2015 e 2017.
Qual foi a alteração feita no Comitê?
Em 19 de janeiro, a Americanas divulgou comunicado sobre a alteração no Comitê Independente, sem informar o motivo da mudança. Saiu Pedro Melo e entrou Eduardo Flores, professor doutor do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP e Consultor e Parecerista desde 2012 com experiência em Contabilidade e Finanças.
De acordo com informações apuradas pelo Pipeline, Melo era presidente da KPMG no período em que a empresa auditava a Americanas, período que será revisitado agora pelo Comitê.
Além disso, de acordo com Felipe Pontes, da TC, Pedro Melo faz parte do conselho de administração do Santander, um dos bancos credores da Americanas, onde também atuava Sergio Rial, que descobriu o rombo em sua breve liderança na Americanas.
Por que o comitê ainda tem conflito de interesse?
De acordo com Felipe Pontes, Vanessa Lopes não deveria estar no comitê por conta de um conflito de interesse: conselheira de administração da Americanas e coordenadora do comitê de auditoria da empresa desde 2020.
“Apesar de ter um currículo muito bom, ela tem um conflito de interesse muito aparente, pois sendo coordenadora do comitê de auditoria ela poderia responder até na pessoa física por negligência, por não ter visto nada, analisando documentos fundamentais para esse tipo de operação”, afirmou Pontes.
Por isso, Vanessa é possivelmente mais um nome do Comitê que deve ser alterado. “Na minha visão, esse comitê foi montado desde o começo sem independência”, finalizou Pontes.
