A cotação do ouro rompeu esta semana um novo recorde histórico e superou US$ 2.300 (R$ 11.538) por onça. O metal é considerado um "porto-seguro" pelos investidores por ser um ativo de refúgio seguro em tempos de incerteza econômica, política e ou geopolítica. O Terra consultou especialistas em investimentos para saber se é hora de investir.
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O ouro foi uma das aplicações financeiras de maior destaque no mercado financeiro no primeiro trimestre de 2024. No período, o metal valorizou em 21,13%, enquanto os investidores aguardam um corte de juros por parte do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. A taxa de juros americana está no maior patamar em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50%.
“O ouro é um ativo seguro quando há incerteza econômica, política e geopolítica. Quando os investidores estão preocupados com a estabilidade no mercado de ações, no mercado de moedas ou títulos, eles muitas vezes recorrem ao ouro como forma de se proteger contra eventuais perdas [...] Para os investidores que estão verdadeiramente preocupados com esse cenário, ter uma posição em ouro é algo que pode fazer sentido”, diz Raony Rossetti, CEO da Melver, ao Terra.
Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, afirma que, assim como investir em dólar, uma diversificação de investimentos em ouro também é saudável, pois protege a carteira. Além da taxa de juros dos Estados Unidos, o argumento do especialista é que os riscos geopolíticos são um dos principais catalisadores da alta do ouro. Ele cita a guerra no Oriente Médio e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Quando existem tensões, os investidores buscam a proteção no ouro. Hoje, claro, não tem como precisar se o ouro vai subir mais ainda ou não. Subiu bem, vamos dizer assim, quase 10% nos últimos 30 dias, mas muito em cima da tensão, ou seja, se a tensão, o risco geopolítico aumentar, a tendência é que ele continue uma tendência de alta”, afirma Bertotti.
Rodrigo Sgavioli, Head de Alocação do Research da XP, vê com um pouco mais de cautela o cenário do ouro. Embora ele ainda recomende, em cenários de tensão geopolítica, investir de 1% a 3% da carteira em ouro, ele lembra para um fato importante: ouro não paga dividendos, não paga rendimentos e vive desses sobressaltos muito específicos em alguns momentos. O especialista também tem uma leitura diferente sobre o valor recorde que atingiu o metal.
“Quando a gente tem um aumento muito grande de riscos geopolíticos, a gente costuma ter um comportamento positivo da cotação do ouro. Nesse momento, como não tem uma escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas, nada que chame tanto a atenção, nem também queda de juros nos Estados Unidos, a gente não acredita que esse tenha sido o vetor de valorização principal do ouro nesse curtíssimo prazo, principalmente nesses últimos 30, 40 dias”.
O especialista sugere que a subida do ouro está ligada aos números da inflação nos Estados Unidos. Ele explica que o ouro tende a performar bem em cenários de incertezas inflacionárias. “A gente vê muito claramente a subida do ouro junto com a subida da expectativa de inflação”, observa.